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Tabanka conhece nova dinâmica para o seu resgate

“Tabanka ka ta morri”. Foi mediante este lema que rondou o colóquio “Tabanka: Nossa Identidade, Nossa História”, um evento realizado neste sábado, em Chão Bom, Tarrafal de Santiago, e que juntou na mesma sala, o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, o presidente da Câmara local, José Pedro Soares, o deputado da Nação, José Soares, técnicos do Instituto do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes e Sandra Mascarenhas, e defensores da tabanka.

Tabanka conhece nova dinâmica para o seu resgate

Um colóquio que surge no momento em que a tabanka conhece uma nova dinâmica e que assistiu, no passado final de semana, um grande envolvimento do público na cidade da Praia.

Segundo o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, a tabanka é um património nacional e precisa ser resgatada. O Ministério da Cultura e das Insústrias Criativas alocou uma verba para a recuperação dos trajes para o desfile nesta manifestação cultural.

Existe uma necessidade em torno do resgate e recuperação da tabanka. Para isto, também o MCIC apela à envolvência dos jovens uma vez que ela também conta a história de um povo e não pode ser esquecida ou deixada de lado. “Este colóquio acontece para podermos perceber o que é a tabanka, como era e como a vamos recuperar”.

Neste momento que acontece toda uma movimentação em torno deste resgate, o MCIC mostra a importância de Chão Bom que também comece com força, a dinamização.

“Estamos num processo minuncioso de incentivar os grupos de Santiago e da ilha do Maio para retomarem as actividades mutualistas, actividades de solidariedade de organização social que é a base da tabanka. O ritual das saídas na rua é apenas uma das partes da tabanka. Queremos que de facto a tabanka se estabeleça como organização e associação. Já financiamos a tabanka de Chão Bom, parte daquilo que é a recuperação da indumentária e da parte simbólica”.

Os técnicos do Instituto do Património Cultural (IPC) trabalham, neste momento, na recolha científica com foco na elevação da tabanka a património imaterial nacional. “Depois do património nacional, a tabanka tem todo o potencial para ser também uma das candidaturas a património mundial”, defendeu ainda Abraão Vicente.

“A perspectiva da Sandra Mascarenhas, responsável pela Direcção do Património Imaterial, é que não é consistente declarar a tabanka como um património nacional sem um estudo de base. É fundamental ter a justificativa científica do porquê. A partir do momento que tivermos esta justificação vai ser mais fácil qualquer outra pretensão da tabanka em ser património nacional ou da humanidade. Portanto, é esse trabalho que temos de fazer. Esse colóquio é mais um passo. Os dois conferencistas são técnicos do IPC que fazem investigação sobre património imaterial, portanto, penso que estamos num bom caminho”.

Enquanto decorre todo esse processo, a dinâmica en torno da valorização da tabanka não pode parar. E uma dessas dinâmicas passa por instalações de casas de tabanka. “A Casa da tabanka é uma das simbologias de representação desta manifestação cultural em algumas regiões. Há uma casa da tabanka em Achada Grande Frente, Achada Santo António e na Várzea. Estamos também a criar projectos para financiar a recuperação destas casas. Abrir a Casa da Tabanka aqui é a simbologia que ‘tabanka ka ta morri’ e que a tabanka voltou a Chão Bom”.

O presidente da Câmara Municipal do Tarrafal de Satiago, José Pedro Soares, lembrou que a tabanka consiste na solidariedade, partilha e cooperação. Como carrega toda a história e identidade de um povo, José Pedo Soares defende a sua transmissão à nova geração. Nsta passagem para os mais jovens, a técnica do IPC, Sandra Mascarenhas, defendeu, durante o colóquio “Tabanka: Nossa História, Nossa Identidade” que esta manifestação cultural deve se adequar aos novos tempos, enquanto se trabalha no plano da sua salvaguarda. Já Jair Fernandes, também técnico do IPC e parte integrante da associação da tabanka de Achada Santo António discorreu sobre o impacto da tabanka no património cultural.

De recordar que Cabo Verde está a trabalhar no processo de elevação da tabanka a património imaterial nacional.