Nesta manhã, 24 de outubro, a Direção Nacional da Saúde de Cabo Verde deu início ao Seminário de Consultoria com equipes interdisciplinares, destinado à Avaliação e Elaboração do Novo Plano Estratégico Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável dos Idosos (PENEASI) para o período de 2024 a 2028. Este evento, que se estenderá por dois dias, 24 e 25 de outubro, na cidade da Praia, marcando um passo significativo na promoção de uma melhor qualidade de vida para a população idosa do país.
Ao longo dos últimos anos, o Ministério da Saúde de Cabo Verde tem estado ativamente envolvido em iniciativas de Envelhecimento Ativo e Saudável, contando com o apoio técnico e financeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Oeste-Africana de Saúde (OOAS). A iniciativa visa direcionar esforços para o bem-estar e a saúde dos idosos, em um país onde mais de 9% da população já possui mais de 60 anos de idade, sinalizando uma tendência ao envelhecimento populacional.
Durante a sua intervenção, a Diretora Nacional de Saúde, Ângela Gomes, destacou a importância de planejar cuidadosamente para atender às necessidades crescentes da população idosa. Mencionou ainda, que mesmo mantendo uma população jovem, “a transição demográfica, impulsionada pelo aumento da expectativa de vida, exige um planejamento adequado para assegurar a qualidade de vida dos idosos. E que nesse contexto, foi elaborado o Plano Estratégico Nacional para o Envelhecimento Saudável até 2027, que agora necessita de revisão, avaliação e atualização, dado que sua vigência está chegando ao fim”.
O período em que o plano vigente esteve em vigor viu um grande investimento em capacitação de profissionais de saúde e do Ministério do Desenvolvimento Social, além de parcerias com organizações não governamentais focadas na educação em saúde da população idosa. As autoridades locais, como as câmaras municipais e os serviços sociais, também foram mobilizadas para promover o envelhecimento saudável. Este conceito abrange práticas que começam desde o nascimento, englobando alimentação, exercícios físicos, interação com o meio ambiente, relações interpessoais, conhecimento pessoal, habilidades, aspirações e propósitos.
Ângela Gomes ressaltou que o Estatuto do Idoso, aprovado no Parlamento, estabeleceu responsabilidades compartilhadas para proteger os idosos, iniciando a partir da família e das comunidades. O Estado e instituições têm a responsabilidade de garantir que esses cuidados se tornem parte integrante da vida cotidiana dos idosos. A Direção Nacional de Saúde, em colaboração com diversas entidades, incluindo organizações não governamentais, implementou ações multidisciplinares abrangendo práticas médicas, cuidados de saúde, ações sociais e proteção social.
A avaliação realizada durante o seminário abrangeu a disponibilidade, acessibilidade e adequação dos serviços de saúde para os idosos, levando em consideração suas necessidades específicas, como mobilidade reduzida e limitações físicas. Além disso, foram consideradas doenças crônicas não degenerativas comuns em idosos, como diabetes e artrose, bem como a prevenção de quedas, um fator crítico a ser abordado. Para isso, é fundamental adaptar as estruturas de saúde e promover a integração de atividades de prevenção e controle de quedas.
Estas iniciativas incluem o Plano Multissetorial de Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis de Cabo Verde 2015-2020, o Plano Estratégico Nacional para Envelhecimento Ativo e Saudável dos Idosos (PENEASI – 2017-2021) e o Plano Estratégico Nacional para a Saúde Mental 2021-2025, todos em resposta ao envelhecimento da população e ao aumento das condições crônicas.
Em 2020, a Organização Mundial de Saúde lançou a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), enfatizando quatro pilares: combater o idadismo, capacitar as comunidades idosas, fornecer cuidados centrados no indivíduo e garantir o acesso a cuidados de longa duração para idosos necessitados.
Por seu turno a Coordenadora do Programa para o Envelhecimento Ativo e Saudável em Cabo Verde, Natalina Gomes, enfatizou a importância do programa em promover um envelhecimento ativo e saudável. A coordenadora destacou que a missão vai além de sensibilizar os idosos e se estende à sociedade civil, promovendo uma nova abordagem que não se concentra apenas nas doenças. Natalina Gomes também mencionou que o programa já conseguiu sensibilizar o Governo e a sociedade em geral para essa causa, envolvendo até mesmo jovens desempregados na promoção do envelhecimento ativo e saudável.
Para o próximo plano estratégico, o foco continuará no envelhecimento ativo e saudável, incluindo a preparação desde o pré-natal e o fortalecimento dos cuidados aos idosos. O programa mantém parcerias com diversos setores para atender às necessidades das pessoas idosas, especialmente as mais vulneráveis.
Natalina Gomes também ressaltou as ações nas comunidades, que incluem não apenas sensibilização e informação, mas também a integração efetiva dos idosos na sociedade, respeitando suas privacidades e necessidades individuais. Através de avaliações multidimensionais, o programa busca entender e atender às necessidades sociais e pessoais dos idosos de acordo com suas preferências. A coordenadora também destacou que, de acordo com o Censo de 2021, a maioria dos idosos no país são mulheres.
“Embora faltem apenas dois anos para a Década do Envelhecimento Saudável, que vai até 2030, as autoridades e equipes técnicas estão otimistas de que estão no caminho certo para enfrentar os desafios que essa época”, frisou a coordenadora.
