Notícias

Primeiro-Ministro alerta para possível manifestação política dos sindicatos

O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, voltou a afirmar, em véspera da manifestação dos trabalhadores, o direito dos trabalhadores à manifestação que considera “legítimas”, desde que realmente em defesa dos seus direitos, embora reafirmando que tal, pelas reivindicações feitas, não têm razão de ser. Neves não descura a possibilidade de forças políticas estarem por detrás de tal manifestação, lembrando que os sindicatos existem para defender os direitos dos trabalhadores e não para fins e interesses político-partidários.

As considerações de José Maria Neves foram feitas à margem de uma actividade em alusão ao Dia das Crianças que decorreu no Palácio do Governo, o Primeiro-Ministro lembrou que num estado de Direito Democrático, como é Cabo Verde “todas as manifestações são legítimas”.

E se os sindicatos acham que os direitos laborais dos trabalhadores não estão a ser bem considerados “há toda a legitimidade dos sindicatos de promover esta manifestação”, apelando entretanto ao decoro dos sindicatos para estes que não sejam instrumentalizados para fazer contestação política ao Governo, sendo que Neves não descura a possibilidade de haver motivações políticas por detrás desta iniciativa.

“Espero duas coisas: que seja uma manifestação para defender interesses laborais, apesar de considerar que não há razões para a manifestação, mas têm toda a legitimidade para fazê-la, e espero que não haja o aproveitamento de uma manifestação sindical, dos trabalhadores, para actos político-partidários, de contestação política ao Governo”, afirma.

Isso porque, salienta, “os sindicatos não devem fazer política partidária. Devem sim, defender os interesses dos trabalhadores cabo-verdianos”, como que apelando a uma manifestação ordeira e pacífica.

As razões para considerar que não há motivos para a greve deve-se, como já fizemos referência noutras ocasiões (ver texto: PM considera que não há motivos para a manifestação de 1 de Junho), ao facto das reivindicações não estarem a ter em conta a vulnerabilidade do país e a situação económica internacional adversa do qual Cabo Verde não está imune.

Um pouco por todo o lado, especialmente na Europa, os governos têm suspendido algumas regalias e, inclusive, reduzido salários e pensões devido às dificuldades de tesouraria. Cabo Verde, como já havia afirmado José Maria Neves, tem resistido com bravura à crise e, não só, não pretende mexer nos direitos adquiridos dos trabalhadores, como procura melhorar as suas condições, nomeadamente com o novo PCCS que propõe a melhoria salarial na administração pública.

Outro facto é que o Governo tem mantido sempre aberto os canais de diálogo seja com os trabalhadores como com os empregadores, pelo que não se entende esta posição de força dos sindicatos.

Ainda relacionado à administração pública, o Chefe do Executivo informou hoje que, face a alegadas acusações de nepotismo por parte da oposição, Carlos Pereira não é mais Administrador-Executivo do INPS por iniciativa própria do citado que pediu a sua exoneração do caso para evitar uso político da sua nomeação.