O Primeiro-Ministro, José Maria Neves afirmou hoje as suas “fortes expectativas” em relação à 21ª Conferência Internacional do Clima (COP 21), promovida Nações Unidas em Paris entre 30 de Novembro a 11 de Dezembro próximos, augurando que a declaração que vier a ser produzida traga resultados e medidas concretas e que possam dar combate sério às alterações climáticas. Sobretudo os Pequenos Estados Insulares (PEI), como Cabo Verde são os principais prejudicados por fenómenos como o aumento do nível do mar e da seca, daí a necessidade de serem “corajosos” para tomarem as medidas necessárias nesta luta que é de toda a humanidade.
Essas e outras considerações de José Maria Neves foram feitas esta tarde, durante a cerimónia de abertura de uma conferência de alto nível sobre mudanças climáticas organizada pelo Governo, através da Direcção geral do Ambiente, precisamente para a recolha de subsídios para a participação de Cabo Verde na cimeira de Paris. O Chefe do Executivo será o chefe da comitiva nacional na referida cimeira.
Neves irá levar a experiência de Cabo Verde em matéria de combate à seca e à desertificação, à erosão de solos, e no que toca à preservação de áreas protegidas, etc., com óptimos resultados nos últimos anos, nomeadamente com medidas como a forte aposta na mobilização de água com as barragens, as perfurações e todas as iniciativas dentro dos projectos de requalificação das bacias hidrográficas como também a construcção de reservatórios, as perfurações.
As campanhas de plantação que datam dos primórdios da Independência, a construção de diques e outras medidas de correcção torrencial e que também têm impacto positivo na preservação dos solos, etc., com especial atenção, também, à protecção da Biodiversidade terrestre e marinha e a nomeação de novas áreas protegidas, etc., no âmbito do PANA I e do PANA II, são algumas das iniciativas tomadas por este executivo.
Inclusive a ilha de Santa Luzia que, como recorda Neves, apenas recentemente, pela primeira vez, mereceu uma atenção especial de um Governo nacional, com a nomeação de uma comissão de protecção presidida pelo actual Ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do território, Antero Veiga.
Uma área onde Cabo Verde tem essa ambição, e já se posiciona como um exemplo positivo tem a ver com a forte aposta nas energias renováveis, como frisou o Chefe do Executivo e que é uma área onde o país poderá dar um contributo inestimável para o combate às alterações climáticas.
O país, actualmente, já produz aproximadamente 30% da energia que consome através de fontes limpas, nomeadamente o sol e o vento. E a meta, neste caso, é ambiciosa, sendo que o objectivo é, no horizonte de 2020, obter a capacidade de produção de 100% da energia necessária ao país, através destas fontes renováveis.
No que tange aos PEI como Cabo Verde, Neves diz-se esperançoso num consenso alargado nesta cimeira de Paris e que tenha em conta as especificidades desses países, infelizmente os mais vulneráveis às alterações climáticas. Por isso mesmo, Neves, ainda esta manhã numa entrevista em antecipação do evento desta tarde e da COP 21, apelava aos PEI a serem “corajosos” na tomada de medidas e políticas de combate aos “efeitos nefastos” das mudanças climáticas.
“De modo que vamos participar enquanto membros de um pequeno Estado insular em desenvolvimento para defender as nossas propostas, designadamente o aumento da temperatura para não ultrapassar os 1,5ºC”, sublinhou.