Falando à imprensa, a partir de São Vicente onde se encontra vindo de uma fim-de-semana de visitas à ilha do Monte Cara e a Santo Antão, José Maria Neves fez questão de felicitar o novo líder do Governo português e também ao povo português "pela sua adesão e participação" nas eleições do passado fim-de-semana.
Independentemente dos partidos que estejam no poder, lembrando que o PSD pertence a uma família diferente (Social Democrata) do PAICV que é a da família socialista, Neves fez questão de frisar que os interesses e as relações históricas dos Estados estão acima de tudo, confiando que Portugal e Cabo Verde continuarão a manter relações privilegiadas de amizade e cooperação. E recorda que o seu Executivo já trabalhou com dois Primeiros-Ministros do PSD, Durão Barroso e Santana Lopes com excelentes resultados.
Prevendo um Governo de coligação, Neves recorda que já trabalhou de perto, também, com Paulo Portas, líder do CDS-PP quando esse era Ministro da Defesa de Portugal por ocasião da preparação dos exercícios da NATO que ocorreram em Cabo Verde.
"As relações entre Portugal e Cabo Verde vão manter-se, não há relações entre partidos, mas relações entre Estados e, nós, enquanto Primeiro-Ministro, tivemos sempre contactos com os principais partidos portugueses, portanto, o PS, o PSD, o CDS, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda. Todos os partidos representados no Parlamento (português) têm tido contactos com o Governo de Cabo Verde, eu pessoalmente com os principais líderes desses partidos, de modo que as relações com Portugal vão manter-se naturalmente", afirmou, respondendo às preocupações dos jornalistas.
E conclui que "gostaria de poder dizer ao (novo) Primeiro-Ministro de Portugal da disponibilidade de Cabo Verde em continuar essas relações de amizade e cooperação. E, naturalmente que o Chefe do Executivo cabo-verdiano tenha assimilado com agrado as palavras de Passos Coelho que afirmou a firme intenção de "reforçar as relações económicas com os países de língua oficial portuguesa (PALOP)", até porque o cenário de crise actual em que vive aquele país, obriga mais do que nunca a que o país se abra a novos mercados e procure aumentar as suas exportações, sobretudo para os PALOP de que faz parte Cabo Verde.
Neves ainda teceu palavras de apresso especial ao ex-Primeiro-Ministro, José Sócrates, a quem deixou "um grande abraço" considerando que foi "um grande amigo de Cabo Verde" além de um amigo pessoal , que "muito contribui para o incremento das relações entre os dois países.
"Neste momento de crise é fundamental o reforço de parcerias e é uma atitude pragmática, porque todos nós temos de continuar a trabalhar para reforçar as relações de cooperação, as parcerias económicas, o desenvolvimento das relações comerciais e, trabalhar para que empresas de ambos os países possam estabelecer parcerias e possam trabalhar para promover o comércio, as exportações e para o desenvolvimento dos nossos países", sublinha José Maria Neves.
Entrada do FMI em Portugal não coloca em risco projectos financiados por Portugal
Mais uma vez, solicitado pela imprensa, o Chefe do Executivo cabo-verdiano fez questão de tranquilizar sobre os receios de algum bloqueio ou recuos por parte do novo Governo, em relação a projectos nas ilhas financiados por créditos com as bancas das terras lusas.
"Os projectos continuam,os créditos estão a funcionar e estas declarações de Passos Coelho apontam para o reforço dessas relações", confiando que haja ainda possibilidade de cabo Verde vir a conseguir novas linhas de crédito, sendo que há disponibilidade tanto da banca como do Governo de Portugal.
"As linhas de crédito não são do Tesouro de Portugal, são dos bancos portugueses, o tesouro português apenas bonifica os juros", lembrando que essa colaboração do Governo português é muito importante para que haja a concessionalidade dos empréstimos.
