O Primeiro-Ministro, que visitou hoje o silo do Porto da Praia, ligado ao projecto “Ilha Verde”, sublinhou a importância deste projecto para a soberania alimentar das Ilhas, sendo que o projecto irá abastecer o país com milhares de toneladas ao ano de milho e outros cereais como o arroz, soja a partir do Paraguai. O projecto que resulta da perseverança e da visão de alguns empresários cabo-verdianos e que nasceu de uma parceria entre os privados e o Estado nos anos 80 é, diz Neves, uma referência para o empresariado nacional.
Ainda hoje, durante a abertura de um Simpósio sobre a Segurança Alimentar, a Ministra Eva Ortet anunciou que as primeiras 15 mil toneladas produzidas no âmbito do projecto “Ilha Verde” deverão chegar a Cabo Verde já no próximo dia 20 de Novembro.
“Dado à impossibilidade de Cabo Verde produzir no seu solo a quantidade de cereal de que necessita para alimentar a população, adquiriu terrenos no Paraguai para o efeito, e neste momento há um barco com 15 mil toneladas de milho que deve chegar ao arquipélago no dia 20 de Novembro”, referiu a Ministra que sublinhou a relevância desta iniciativa para a soberania alimentar das Ilhas.
No final da manhã de hoje o Primeiro-Ministro foi conferir de perto a estrutura recém-montada para receber e armazenar este milho no porto da Praia, tendo salientado igualmente o projecto Ilha Verde como uma referência para o empresariado nacional.
Nascido em 1984, com a aquisição de um lote de terreno no Paraguai para a produção agrícola para consumo das Ilhas, o projecto “Ilha Verde” só agora começa a dar os seus frutos graças à perseverança de um grupo de empresários cabo-verdianos que souberam desenvolver o projecto e torna-lo uma realidade, em especial o empresário Adriano Pinto que é quem está à frente deste projecto.
José Maria Neves realça assim a “visão” e “grande capacidade” de empreendimento, “de uma grande ousadia, mas também, acrescenta, “de uma grande persistência e paciência necessária dos empreendedores para que pudesse estar agora neste ponto”.
O Chefe do Executivo frisa ainda a tecnologia de ponta utilizada nesta produção que, para além de responder às necessidades do mercado nacional, irá permitir ao país se tornar num exportador desses produtos também para outras paragens, nomeadamente o mercado da CEDEAO, desde que se produza com a “eficiência e qualidade necessárias”. Cabo Verde, segundo o empresário Adriano Pinto, que é um dos mentores do projecto, tem a capacidade de absorver apenas 15% da produção total do “Ilha Verde”, devendo este “excedente” ser exportado para a África Ocidental, a partir de Cabo Verde.
O “Ilha Verde” poderá ser um forte impulso para a implementação de uma verdadeira indústria agro-alimentar em Cabo Verde, pois que, a partir desses cereais, como o milho, por exemplo, se poderá produzir derivados vários como óleo entre outros, para a balança de exportação e para a geração de mais empregos no país, salienta Neves. Outro benefício do projecto é o abastecimento das Ilhas com cereais para a produção de “rações de qualidade” para o gado cabo-verdiano a custos baixos. Um aspecto que salienta a Ministra Eva Ortet, poderá “revolucionar a pecuária nacional, sendo que segundo ela 94% das famílias rurais cabo-verdianas são criadoras de gado.
Quanto ao silo instalado no porto da praia, no âmbito do projecto, o Chefe do Governo pôde conferir que se trata de uma estrutura moderna com capacidade para receber até 200 mil toneladas de cereais para consumo interno e para exportação, com 5 estruturas especiais com capacidade para o armazenamento de 20 toneladas cada.
De referir também que já no primeiro trimestre de 2014 o país receberá o segundo carregamento advindo do “ilha Verde”, desta feita cerca de 15 toneladas de soja.