O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, está de regresso ao país, vindo de uma visita de quatro dias à Guiné-Bissau. Uma visita que considerou “histórica” pelo alcance dos acordos assinados e que “ultrapassou as expectativas”. Nesta quinta-feira, já na cidade da Praia, o Chefe do Executivo foi instado a comentar sobre os últimos desenvolvimentos sobre o estado de saúde do Presidente Guineense, Malam Bacai Sanhá que encontra-se hospitalizado e, cujo estado “inspira cuidados”, mas não confirma as notícias de que Sanhá estaria em coma como chegou a ser falado na comunicação social.
O balanço da vista à vizinha Guiné-Bissau é extremamente “positivo”, segundo José Maria Neves, sendo que esta terá ultrapassado “todas as expectativas”, sendo que foram dados passos concretos para uma maior aproximação entre os dois povos, seja ao nível governamental e institucional, seja no plano económico-empresarial com os vários contactos e acordos entre empresários cabo-verdianos e guineenses. Recorda-se que cerca de 70 empresários estiveram incluídos na larga comitiva que acompanhou o Primeiro-Ministro de Cabo Verde àquele país.
“Foi uma grande visita adentro da nossa estratégia de grande vizinhança no quadro da CEDEAO e, neste momento, posso dizer que a visita ultrapassou as nossas expectativas e conseguimos grandes ganhos”, referiu pelo menos cinco acordos assinados nos mais diversos domínios. De entre esses a aviação civil em que Cabo Verde pretende aumentar o número de voos para Bissau e inserir neste circuito que envolve ainda Dakar, voos nos aparelhos Boeing para ligar a Guiné-Bissau à Europa.
Os transportes marítimos e as pescas são também áreas importantes da cooperação. No que tange a esta última, afirmou-se o compromisso de actualização do acordo fitossanitário entre os dois países e, que permitirá o uso dos laboratórios da Infarma (empresa do qual o Governo é detentor de 40% das acções) para certificação de produtos de pesca e produtos agrícolas da Guiné-Bissau, de modo a que possam ser exportados a partir de Cabo Verde para os mercados europeus e norte-americano (no quadro do Programa AGOA que pretende estimular as exportações africanas para os Estados unidos). A Infarma, recorda-se, iniciou recentemente a exportação de medicamentos para a Guiné-Bissau que será uma porta de acesso aos mercados vizinhos da CEDEAO.
Cabo Verde vai ainda ceder, no quadro de um acordo de pesca já existente, ceder três navios da empresa Atlantic Tuna para apoiar a indústria pesqueira guineense e abastecer o mercado das Ilhas e estrangeiros. No plano da agricultura o Governo da Praia vai ainda enviar técnicos nacionais para dar formações e apoiar na produção de aguardente, entre outras iniciativas. O turismo, a governação electrónica, a Previdência Social são áreas onde Cabo Verde, com a sua experiência poderá auxiliar os guineenses, ao mesmo tempo que tirando proveito para a internacionalização do NOSI e da INPS.
A formação profissional é outra componente importante e que deverá conhecer forte impulso na relação entre os dois países, nos próximos tempos. Os contactos estabelecidos entre empresários cabo-verdianos e guineenses e as perspectivas que se abrem com essa aproximação fazem prever que doravante Cabo Verde e Guiné-Bissau terão relações ainda mais fortes. “Há todas as condições agora para reforçarmos as relações de amizade e de cooperação entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Uma resolução importante é a institucionalização de uma Cimeira bienal entre os governos dos dois países, a iniciar-se agora em 2012. Tal Cimeira, considera, será muito importante para que se possam identificar os desafios e as melhores soluções para a maior aproximação entre os dois países e seus mercados, pelo que será um forte sinal de confiança para os empresários de um e outro país para que possam avançar com parcerias que possam contribuir para uma maior relação económica entre Praia e Bissau.
“Situação de Bacai Sanhá inspira cuidados”
Instado a comentar os últimos desenvolvimentos do estado de saúde do Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, o Primeiro-Ministro de Cabo Verde não confirma as informações que estarão a circular de que o Presidente guineense estará em coma.
José Maria Neves avança que, pelas informações “que temos” o Presidente Guineense terá se deslocado, primeiro a Marrocos e depois a Paris, onde se encontra actualmente, “para um acompanhamento de rotina que tem feito desde há alguns anos a esta parte”, avançando que o estado de saúde do paciente inspira “alguns cuidados na linha do que vem acontecendo de alguns anos a esta parte”.
Os rumores sobre a doença de Sanhá terão ganho mais força nas últimas horas com a notícia da deslocação, horas após o regresso de José Maria Neves da Guiné-Bissau, do Chefe do Governo guineense, Carlos Gomes Júnior para “mais de perto acompanhar o estado de saúde do Presidente”, informa o Primeiro-Ministro de Cabo Verde.