O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, presidiu no final de semana, a cerimónia de encerramento da conferência internacional “Uma criança, um cidadão”, promovida pela Acrides, em parceria com o Instituto da Criança e do Adolescente (ICCA), tendo dirigido uma mensagem global aos líderes e às sociedades para a necessidade de maior atenção e sensibilidade aos direitos fundamentais das crianças, lembrando que a violência e a pobreza proveniente das várias situações de conflitos que ainda persistem no continente afeta principalmente aos mais pequenos a quem nós os adultos temos a obrigação de proteger.
Para o Chefe do Executivo, Cabo Verde tem feito um enorme esforço no sentido de promover e valorizar os direitos das suas crianças sobretudo com os fortes investimentos feitos ao longo dos anos na educação, na saúde e na segurança social e que ajudaram a promover as Ilhas à condição de País de Rendimento Médio. Em Cabo Verde, lembram praticamente 100% das crianças em idade escolar estão inseridos no sistema educativo e Neves exalta as várias iniciativas de incentivo às famílias para que os seus filhos possam estudar, nomeadamente as refeições quentes nas escolas, o programa de saúde escolar, os kits escolares e as bolsas de estudo para os mais carenciados, através do FICASE, etc.
Cabo Verde fez um longo percurso e está, inegavelmente, na linha da frente no que concerne à defesa e cumprimento dos direitos fundamentais da criança. Entretanto, ainda falta um longo percurso pois que, enquanto houver crianças pobres e com dificuldades “não teremos feito todo o nosso trabalho”, salientando o compromisso com o bem-estar dos cabo-verdianos e das crianças em particular, e com o desenvolvimento do país.
Neves lembra que existem ainda aproximadamente 24% de cabo-verdianos a viver em condição de pobreza, não obstante os grandes avanços e conquistas nesta matéria, pois que até 2001, mais de 41% de famílias cabo-verdianas eram pobres e em 1975 “praticamente todos nós eramos pobres”, recorda.
“É este esforço que também a África tem de continuar a fazer. Tem de haver mais comprometimento da África com a dignidade das africanas e dos africanos e temos de começar pelas crianças”,
Infelizmente, ao nível da África no geral, Neves refere que a violência, a intolerância e a pobreza que ainda persistem em muitos pontos do continente nos levam a interpelar, sobretudo, aos líderes e governos africanos, mas também às sociedades civis africanas sobre a necessidade de maior protecção e respeito aos direitos das nossas crianças.
Neves recorda as terríveis imagens de crianças sírias e africanas a morrerem nas travessias do mediterrâneo em resultado da fuga desesperada de suas famílias à fome e às guerras em seus países e insiste que tais imagens “devem envergonhar a todos os africanos”. Daí a necessidade, apela, de pedir “um comprometimento ético das lideranças políticas africanas”. Um comprometimento ético das lideranças africanas”
Essas imagens, acrescenta, “devem interpelar-nos sobre o percurso que nós já fizemos até este momento e sobre o que nós teremos que fazer para que haja muito mais dignidade em África para que possamos banir, definitivamente, essas imagens do nosso convívio quotidiano”,