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PM: África precisa conhecer melhor a sua história para melhor projectar o futuro

O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, presidiu esta manhã a cerimónia de abertura do «Congresso de História de África: Ancestralidades e Africanidades», promovido pela Universidade de Santiago em parceria com o Ministério da Educação e Desportos e o Ministério do ensino Superior, Ciência e Inovação, uma iniciativa de extrema importância para um melhor conhecimento do nosso continente. Para que a África possa projectar melhor o futuro é preciso, diz Neves, é preciso reescrevermos a nossa história e reencontrarmo-nos com os nossos ancestrais.

O conhecimento mais profundo da História de África, segundo Neves é fundamental, inclusive, para que nós, os africanos, possamos conhecer e ultrapassar os “traumas”, “os cortes” e a violência e as guerras que têm, infelizmente, condicionado o pleno desenvolvimento do nosso continente.

Para construirmos uma África “mais livre, mais desenvolvida e mais próspera temos de conhecer a África. Conhecer a sua história, os principais acontecimentos históricos para formularmos melhor o presente e podermos formular também as respostas necessárias para fazermos face a todos os desafios que temos”, dizia aos jornalistas ainda antes do discurso em que melhor pôde reforçar esta ideia do reencontro e de sermos nós, os africanos, os donos da nossa história.

Esse conhecimento da “verdadeira história de África permitirá, não só reforçar o orgulho de sermos africanos, e realçar o contributo que a África tem dado para a humanidade, como permitirá saber melhor enfrentar os desafios de hoje e que têm a ver “com o crescimento económico, com a construção do Estado, com a afirmação das liberdades e o reforço da cidadania”.

A África, refere o anfitrião do evento, o reitor da Universidade de Santiago, Gabriel Monteiro, “tem dado um contributo extraordinário” e muitas vezes sem sequer tirar proveito dela, como por exemplo aconteceu com o fenómeno da escravatura onde os escravos ajudaram a redesenhar a história e a cultura de vários países do mundo.  

Ainda no que toca a esse evento, Neves considera que é uma forma de se encontrar melhores formas de pesquisa e de estudo das culturas e história africanas nas nossas escolas e universidades, em particular, como é um contributo para essa causa e para que a África possa também estar no centro das atenções.

“Todos os seres humanos são iguais”

José Maria Neves aproveitou o evento para dirigir uma mensagem ao mundo da necessidade de uma maior atenção, sobretudo da imprensa internacional, para os conflictos e os acontecimentos de terror em África, assim como é dada ao resto do mundo. Neves cita o exemplo da resposta que o mundo deu aos ataques terroristas recentes em Paris, demonstrando uma “grande solidariedade”. Uma excelente reacção “de todo o mundo livre, de toda a humanidade”.

“Mas vejam a reacção em relação a um conjunto de ataques terroristas, por exemplo, no continente africano, quando as jovens (centenas) foram raptadas na Nigéria (pelo Boko Haran), várias bombas explodiram em mercados, em hotéis (lembrando os acontecimentos recentes nos Camarões e no Mali), várias crianças violadas e assassinadas… não tivemos a mesma solidariedade, ou a mesmo a dimensão da solidariedade no mundo inteiro. É preciso que todos os seres humanos, da África, da Europa, todos os seres humanos serem tratados da mesma forma. Somos todos iguais e merecemos todos a mesma solidariedade”, apela o Primeiro-Ministro.

O «Congresso de História de África: Ancestralidades e Africanidades» acontece de hoje, 23 a 25 de Novembro na cidade da Praia com vários painéis de exposição e debates envolvendo estudiosos e curiosos nacionais e internacionais.