José Maria Neves que falava numa conferência de imprensa após um encontro com Durão Barroso, disse ter um empenho pessoal ao longo dos anos, no estreitamento das relações entre Cabo Verde e a Europa. "Foi com Durão Barroso, enquanto Primeiro Ministro de Portugal, que se iniciou o processo", afirmou.
O governante cabo-verdiano destacou, igualmente, que devido às diligências de Barroso, os primeiros exercícios militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte, NATO, tiveram lugar em Cabo Verde.
No dizer do Primeiro Ministro de Cabo Verde, a parceria tem alguns pilares importantes designadamente a boa governação, a convergência técnica e normativa com a UE, a sociedade de informação, a segurança e a estabilidade, o combate à pobreza, bem como a dinâmica da integração de Cabo Verde tanto no espaço da Macaronésia como no da CEDEAO, para além dos mecanismos de financiamento e de seguimento de todo o processo.
Isto significa, explica José Maria Neves, que com a comunicação haverá um Plano de Acção que vai definir o quadro de cooperação entre Cabo Verde e a União Europeia, e com a sua implementação "iremos acelerar o ritmo de crescimento e desenvolvimento do País".
A reunião entre os dois políticos surge um dia depois da Comissão Europeia ter aprovado a comunicação, já enviada ao Conselho e ao Parlamento europeus, que deverá ser aprovada, estabelecendo uma parceria estratégica entre a UE e Cabo Verde.
"É um momento muito significativo na histórica relação entre a União Europeia e Cabo Verde", enalteceu o Presidente da Comissão Europeia, para quem a UE reconhece a especificidade deste arquipélago e "queremos dar a Cabo Verde um tratamento e um sinal político que reconheça a especificidade deste país", sublinhando que este arquipélago pertence ao continente africano mas, está geograficamente próximo das Canárias, Açores e Madeira, regiões periféricas da Europa, com as quais tem mantido boas relações políticas e económicas.
Recorde-se que recentemente as regiões ultraperiféricas exprimiram o seu apoio a Cabo Verde na construção de uma parceria especial com a União Europeia, durante uma conferência realizada na Madeira.
José Manuel Durão Barroso defendeu que esta parceria "vai contribuir para o alargamento de segurança e da estabilidade naquela região do Atlântico". Para aquele responsável, trata-se de um sinal "muito forte" que é demonstrativo do empenhamento de ambas as partes em reconhecer as relações, bem além do "clássico modelo" do doador e beneficiário.
Cabo Verde e Europa poderão cooperar em determinadas áreas, segundo Barroso, nomeadamente da governação e da segurança e, nesta matéria, Cabo Verde "poderá ajudar a Europa na luta contra a criminalidade organizada, imigração ilegal, tráfico de drogas e de seres humanos, entre outras", sustentou.
Em Bruxelas, o Primeiro Ministro cabo-verdiano reuniu-se, também, com o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança Comum da EU, Javier Solana, e com o Comissário para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel, para análise da construção da parceria especial, trabalho iniciado por Cabo Verde em 2002.
