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Os avanços conseguidos no sector da água e saneamento colocam o país num patamar de viabilidade tranquila

Os avanços conseguidos no sector da água e saneamento colocam o país num patamar de viabilidade tranquila, disse esta quinta-feira, 16, o ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território, Antero Veiga, acrescentando que nos últimos anos se tem estado a implementar uma “autêntica mudança” de paradigma na relação do cabo-verdiano com a água ou com a falta dela.

 veiga agua e saneamento1O governante fez estas declarações na abertura de uma jornada intitulada “Dessalinização, Gestão Sustentável, Eficiência Energética e Uso de Energia Renovável” realizada na Cidade da Praia.

Segundo o ministro, provas destas mudanças são os investimentos feitos na mobilização das águas superficiais, das águas subterrâneas, bem como na recolha e tratamento de águas residuais, para além da água para o consumo humano ser hoje na ordem de 80% de origem dessalinizada.

“A tecnologia de dessalinização já nos permitiu afastar o espectro da morte por sede, independentemente da chuva”, frisou Antero Veiga, acrescentando que a segurança hídrica é um “ponto de honra neste país do Sahel”, numa referência a Cabo Verde.

Para aquele governante, a viabilidade do arquipélago, enquanto nação livre e independente, esteve sempre intrinsecamente ligada à questão da prospecção da água subterrânea e sua integração com a conservação de solos e, posteriormente, à produção de água dessalinizada.

A este propósito, recordou que o primeiro Governo de Cabo Verde independente tinha um Ministério da Agricultura e Águas.

“Volvidos 40 anos, o cenário presente, ainda que tenha melhorado significativamente, continua a merecer preocupação e demanda de esforços acrescidos e investimentos avultados com vista a diminuir o impacto negativo que a escassez dos recursos hídricos, a insuficiência de qualidade de serviços e a falta de condições de saneamento trazem para as populações, para a economia e para o ecossistema”, notou o ministro do Ambiente.

“Há um contexto de défice hídrico em Cabo Verde, porque o país tem pouca água, daí a necessidade de dessalinização da água, que é uma opção estratégica para garantir a oferta suficiente para as necessidades da população, mas também para as outras necessidades económicas do país”, disse.

Por sua vez, o presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANAS) entende que a dessalinização é um processo “oneroso” e que exige algum suporte financeiro por parte dos parceiros de Cabo Verde, pelo que o referido encontro vai ajudar o país a identificar a melhor forma de chegar aos financiamentos e poder implementar novas unidades de dessalinização.

Sabendo que as ilhas Canárias têm uma experiência “mais consistente” do que Cabo Verde nesta matéria, surgiu a ideia de partilhar essa experiência e analisar até que ponto se pode maximizar esta opção de dessalinização de água, tomada pelo país, numa parceria entre a ANAS, o ITC, a Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV) e a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Por sua vez, o chefe do Departamento da Água do ITC, Baltazar Pineta, explicou que esta parceria enquadra-se no Projecto ISLHáGUA-Reforço das capacidades e competências relativas à gestão dos recursos hídricos nas ilhas, liderado pelo ITC e co-financiado pela União Europeia (UE).

“A realidade das Canárias é similar a de Cabo Verde, mas temos uma maior capacidade, ou seja, produzimos 600.000 metros cúbicos de água dessalinizada por dia, e há muitas ilhas que o único recurso hídrico é a água dessalinizada, por isso, esta é uma experiência importante para trazer para Cabo Verde e trabalhar juntos neste processo”, considerou.

Actualmente, em Cabo Verde, a água dessalinizada é produzida em sete das nove ilhas habitadas.