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MCIC faz visita técnica à Cidade Velha

O Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas efetuou esta sexta-feira uma visita técnica de avaliação à Cidade Velha com o objetivo de se inteirar da real situação dos sítios históricos. A comitiva, liderada pelo Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, também foi composta pelo presidente do Instituto do Património Cultural, Charles Akibodé, e pelos técnicos do IPC para se fazer uma avaliação no local.

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Após a visita, e na conversa com a imprensa, o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, afirmou que Cidade Velha é a prova de que as declarações que havia feito há uns meses atrás não eram exageradas.

“Havia afirmado que tinha recebido um Ministério que tinha feito muito show-off, mas naquilo que era essencial não se trabalhou. Basta ver o estado da Sé Catedral, ou a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, basta ver o estado escandaloso em que herdamos a pousada São Pedro – uma obra de arquitetura desenhada pelo arquiteto Siza Vieira – recentemente inaugurada e que foi vandalizada há um ano atrás. Dessa vandalização não temos consequências, nem para a empresa PROMITUR e nem para o próprio Ministério, dado que não há nenhuma queixa-crime e nem há nenhuma investigação e a Pousada encontra-se completamente abandonada neste momento.”, declarou o Ministro Abrão Vicente.

O ano 2017 já tinha sido anunciado como um ano de investimento forte no património e o governante aponta que as evidências mostram que tinha razão e irão fazer isso. “Iremos recorrer ao Fundo do Turismo, ao Fundo do Ambiente e a todos os fundos que o Governo dispor de verbas para recuperarmos e transformar a Cidade Velha num sítio de facto visitável e capaz de trazer rendimentos para Cabo Verde”, frisou.

População quer fazer parte da solução

Para o Ministro a impressão mais forte que fica é o encontro com a população local e a sua vontade expressa em colaborar e a necessidade de ser integrada na promoção e no mapa turístico da Cidade Velha. Há um conflito latente entre a população que apresenta as suas necessidades de crescimento e de melhoria da qualidade de vida e a necessidade da Cidade Velha de facto corporizar as potencialidades que tem como Património da Humanidade.

Num primeiro momento alguns disseram que é preciso acabar com o património porque este os impede de viver bem. “Isso vem claramente de um quadro em que não se dialogou com a população e não se levou a sério as recomendações da UNESCO e dos especialistas de que só há Património da Humanidade se as populações estiverem integradas. É o próximo passo através do Instituto do Património Cultural e através do meu próprio Gabinete para se iniciar uma fase de conversações com as populações, em parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago.”, explica.

A Igreja de Nossa Senho é uma prioridade absoluta porque neste momento tem problemas de infiltração e com a época das chuvas é capaz de parte dela torna-se ruína. Também a Pousada São Pedro que é preciso preservar aquilo que restou. “Na segunda-feira vamos apresentar uma queixa na Policia Judiciária para haver uma investigação para assacar responsabilidades, ou da PROMITUR ou do anterior Ministério da Cultura”, garante o Ministro Abrão Vicente. Isto porque a vandalização foi feita há um ano atrás, numa altura em que o Ministério da Cultura tomou a posse, através do tribunal, e se entregou a um privado para gerir.

Soluções para o IPC

Neste momento o Ministério da Cultura e da Indústrias Criativas tem a volta de 12 a 15 mil contos das propostas de projetos que já foram colocados no orçamento a partir do Gabinete do Ministro para financiar alguns dos projetos. No entanto, o Ministro aponta que o IPC funciona com alguns projetos que apesar de serem de investimentos servem para pagar o salário de alguns funcionários.

Para resolver a questão apresenta a solução em dois aspetos: primeiro, regularizar a situação dos funcionários que já têm mais de cinco anos a trabalhar na instituição e que por direito fazem parte do quadro e que não podem continuar numa situação precária e recebendo através de orçamento de investimento. “Isto põe estes profissionais numa situação precária e põe também a instituição numa situação precária dado que o dinheiro que recebemos para investir é canalizado para os recursos humanos. Desta forma não fazemos as obras que é necessário fazer”, afirma o governante. E por outro lado, é reforçar o orçamento de investimento que o IPC tem de ter para fazer um trabalho de facto. “Não podemos continuar a ter um orçamento fictício em que nós comunicamos e aprovamos orçamento no Parlamento a dizer que nós temos verbas para investir e de facto não temos porque essas verbas são desviadas para outros projetos.”

Começa a fase de trabalhar e trabalhar

“Acabamos de receber o relatório de pré-avaliação antes da avaliação que será feita em 2017 e as recomendações mostram que é preciso um investimento muito maior para que a Cidade Velha não perca o título. Não creio que chegaremos a essa fase.”, expressa o governante que adianta haver várias recomendações muito bem especificadas que vêm num relatório de 40 páginas que recebido esta quinta-feira através do IPC e que serão implementadas. “Agora vamos começar uma fase que é trabalho, trabalho”, garante o Ministro Abraão Vicente.