O grande desafio dos cabo-verdianos é “conhecerem o país real” e reajustar as suas expectativas, para além da responsabilidade partilhada “por todos” neste processo de desenvolvimento de Cabo Verde que, em 40 anos de Independência é de se orgulhar e “surpreendente”, defendeu Pedro Pires, numa conversa com o Primeiro-Ministro, José Maria Neves, este final de semana.
José Maria Neves e Pedro Pires foram os grandes protagonistas da segunda edição do Fórum Internacional II Diálogo Estratégico Para o Desenvolvimento, organizado pela Fundação Pedro Pires, realizado este sábado na cidade da Praia, no ponto «À Conversa com Pedro Pires», em que os dois puderam falar e interrogarem-se sobre os 40 anos do Cabo verde Independente
Este terá sido um momento histórico e interessante tendo, ambos, reflectido sobre este percurso e os desafios que o país enfrenta. E quem melhor do que estes dois que juntos entre si, até o final do mandato de José Maria Neves em 2016, terão completado 30 anos à frente dos destinos do Governo para fazer tal exercício.
Para já, o caminho percorrido é louvável e “surpreendente”, diz Pedro Pires que afirma que não há comparação entre o ponto de partida e onde estamos hoje.
Na sua apresentação Neves recordou o primeiro discurso de Pedro Pires em 7 de Julho de 1975, em São Vicente, aquando da proclamação da Independência, quando Pedro Pires abordou o primeiro programa do Governo na altura para mostrar o quanto o país evoluiu e o quanto Pires contribuiu para esse percurso de sucesso até esta.
Segundo Neves, o primeiro Governo da República soube colocar os alicerces e as fundações num “terreno muito arenoso”, tendo em conta o ponto de partida, com políticas e medidas muito interessantes, nomeadamente a criação da EMPA, empresa de abastecimento na altura, as ligações marítimas, entre outras iniciativas, criando assim as condições para que os outros governos que lhes sucederam pudessem continuar o trabalho.
Em determinado momento da conversa, Neves lançou a questão “o que você faria se fosse o Primeiro-Ministro hoje?”, ao qual Pires respondeu com uma reflexão sobre o que seria a sua mensagem aos cabo-verdianos.
Assim, os desafios segundo Pires terão a ver, entre outros, com a responsabilidade e responsabilização de todos os filhos das Ilhas nesse processo de desenvolvimento, havendo também a necessidade de conhecermos o “país real”. Isso porque diz, há um desequilíbrio grande entre o que são as exigências e expectativas e o que são as capacidades reais de Cabo Verde.
Mais, o antigo Primeiro-Ministro e Presidente da República apela aos jovens, sobretudo, para que possam ser mais produtivos e darem o seu contributo neste processo de desenvolvimento que envolve a todos com “responsabilidade partilhada”. Direitos sim, mas também temos deveres, assinala.
Estas são algumas das “dicas” que no alto da experiência acumulada em 15 anos de governação e 8 anos enquanto Presidente da República Pedro Pires quis partilhar com José Maria Neves e que tem sido a essência do discurso de Neves à nação.
