No último ponto da agenda da visita de José Maria Neves ao Luxemburgo, esta manhã de terça-feira, este foi recebido na Presidência do Governo do Luxemburgo, pelo seu homólogo Xavier Bettel. Os dois chefes de Executivo aproveitaram o momento para fazer um balanço da cooperação entre os dois países e demonstraram a vontade do reforço da mesma.
O Luxemburgo, como se sabe, é neste momento e desde há algum tempo, um dos principais parceiros de desenvolvimento das Ilhas, sobretudo no que diz respeito ao financiamento de infra-estruturas, sendo vários os exemplos e frutos desta cooperação.
Uma novidade é a retoma do compromisso assumido em Abril de 2010, aquando da visita de José Maria Neves ao Grão-Ducado, ainda era Jean-Claude Juncker o Primeiro-Ministro, para a recuperação das praias cabo-verdianas devido à sua erosão causada pela apanha de areia, e de abastecimento com inertes para o sector da construção civil com areia importada da Mauritânia (PM visita uma das maiores empresas do mundo: a Jan De Nul Group).
Foi também nesta altura que Luxemburgo aumentou o Programa indicativo de Cooperação (PIC) de 40 milhões de euros para 65 milhões de euros. Ainda era Jean-Claude Juncker o Primeiro-Ministro,
Nos últimos anos esta parceria tem vindo a estender-se para o campo da cooperação técnica em áreas como o Cluster do Mar e as energias renováveis em que o Grão-Ducado europeu tem dado um contributo igualmente inestimável. E estas são algumas das áreas que mereceram maior destaque na conversa entre os dois primeiros-ministros, que manifestaram a vontade e o compromisso de reforçar a parceria.
Nas energias renováveis, por exemplo, Cabo Verde tem dado passos largos em tão poucos anos, com uma capacidade actual de produção de até 30% da necessidade energética do país com base em fontes limpas (sol e vento). Isso, graças a um pesado investimento tanto ao nível das infra-estruturas (parques solares e eólicos) como também em matéria de legislação e de formação nas áreas afins. Aqui, mais uma vez, o Luxemburgo dá um contributo decisivo com ao financiamento do actual Centro de Formação em Energias Renováveis e Manutenção de Equipamentos Industriais (CERMI).
As Ilhas são hoje uma referencia no que concerne às energias renováveis na região da CEDEAO me do continente africano em geral, prova disso é a localização da sede do Centro de Energias Renováveis da CEDEAO na cidade da Praia, e a meta é chegar aos 50% de penetração de energias limpas e aos 100% no horizonte de 2030. Recorda-se, que o Luxemburgo, a par da Alemanha, financiou um estudo recente que demonstra que Cabo Verde tem potencial para produzir até 400% da sua necessidade energética a partir de fontes limpas.
E com a abertura de um novo capítulo nesta cooperação ao nível dos privados (leia o texto: Afro-Verde 1 abre novo capítulo nas relações económico-empresariais entre Cabo Verde e Luxemburgo), a contribuição do Luxemburgo ao desenvolvimento de Cabo Verde será cada vez mais determinante.
Agora à tarde, José Maria Neves regressa a Paris onde fará amanhã uma intervenção sobre a pertinência das políticas de desenvolvimento para uma plateia de embaixadores desta importante instituição de cooperação internacional.