É com satisfação que o Governo tomou nota da decisão do FMI de levar em consideração as especificidades dos Pequenos Estados Insulares (PEI) e os constrangimentos naturais ao seu desenvolvimento e que resultou na decisão de aumentar o acesso a fundos concessionais e não-concessionais aos PEI que tenham sofrido ou venham a sofrer desastres naturais e “outros choques”, como deu conta recentemente o Ministro das Finanças do Brasil e representante do seu país e alguns dos PEI, como Cabo Verde, Joaquim Levy, no seu IMFC Statement (http://www.imf.org/External/AM/2015/imfc/statement/eng/bra.pdf), recentemente publicado na página oficial do FMI.
Trata-se, como é público, de uma grande bandeira deste Governo e pessoalmente do Primeiro-Ministro, José Maria Neves que tem defendido uma descriminação positiva face às vulnerabilidades e desafios que se impõem ao desenvolvimento dos países arquipelágicos como Cabo Verde nos vários fóruns internacionais em que tem participado, nomeadamente na sua última intervenção durante a 70ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo das Nações Unidas e que teve como tema o desenvolvimento sustentável:
Outro aspecto positivo tem a ver com o maior esforço do FMI em prestar vigilância assistência e treinamento e que é realçado no referido documento.
Resta-nos esperar que o Fundo venha a seguir as recomendações de flexibilidade e atenção especial colocadas por Levy, no sentido de assegurar respostas adequadas e atempadas a esse grupo de países, que inclui Cabo Verde, em caso de catástrofes naturais.
FMI perspectiva crescimento positivo para economia de Cabo Verde em 2015-16
Igualmente, apraz-nos constatar as previsões de crescimento económico de Cabo Verde para 2015 (3.5) e 2016 (3.7), e que vem reforçar as próprias previsões do Governo, isso num período de alguma incerteza no plano económico internacional. Senão vejamos, esta previsão está, inclusive, acima das previsões de crescimento para os chamados países avançados em que a média de crescimento para 2015, segundo as previsões da FMI, é de 2.0%, e de 2.2% para 2016. (Ver: http://www.imf.org/external/country/CPV/index.htm)
De acordo com o FMI as previsões de crescimento para os chamados países emergentes e os países em desenvolvimento decresceram em relação ao ano passado (a média desses países durante 2010-14 foi de 5.7%), estando nos 4.0% em 2015 e em 4.5% para 2016, o que mostra o razoável desempenho do nosso país que, tem conseguido aguentar bravamente os choques desta longa crise internacional e tem, mais importante, mantido uma tendência de crescimento, ainda que não em ritmo mais acelerado como desejaríamos.
Continuando, as previsões de crescimento mundial em 2015 é de 3.3%, o.3% abaixo de 2014. Entretanto, há algum sinal de que as economias mais avançadas possam estar a recuperar, ainda que timidamente, enquanto as previsões para os países emergentes é de alguma “desaceleração” pelo quinto ano consecutivo. Um reflexo, de acordo com a reflexão do FMI, das perpetivas decrescentes de alguns dos maiores mercados emergentes e resultantes, também, da crise que abala os países exportadores de petróleo.
Resta acrescentar ainda que as previsões quanto à inflação são bastante positivas para Cabo Verde, (1% em 2015 e 2.5% em 2016), tudo isso num ano em que o país esteve a braços com o desafio de fazer face à erupção vulcânica na ilha do Fogo e que resultou em avultados danos e prejuízos financeiros, e logo a seguir a dois anos de forte seca, com as consequências que se conhece para a economia e a segurança alimentar no nosso país.
Por tudo isso, estas previsões e decisão do FMI em relação aos PEI nos reconfortam e nos dão força para o que resta do mandato deste Governo, cientes de que as bases para um contínuo e sustentável desenvolvimento estarão já lançadas.