Falando à comunicação social, após o encontro, José Maria Neves era um homem visivelmente satisfeito com as contribuições trazidas, muitas delas no sentido no reforço das propostas já avançadas pelo Governo.
É o caso da necessidade de estudos com base científica sobre a violência no país e que o reitor da Uni-CV, António Correia e Silva interveio para valorizar e demonstrar a total disponibilidade da instituição que rege em colaborar nesse aspecto. "É preciso compreender esse fenómeno para um combate mais efectivo, inclusive as suas raízes históricas para que se possam tomar medidas mais acertadas que ajudem a diminuir e ou prevenir actos de violência", diz.
Não faltaram intervenções interessantes e elucidativas como a do representante da Igreja Nazarena, Pastor Adérito Ferreira que ajudou a trazer mais luz sobre essa questão, enfatizando a necessidade do combate ao álcool e droga como "factores que estão na base das situações de violência em Cabo Verde". Dar combate a essas substâncias é dar combate também à violência, entende o pastor.
Segundo Ferreira, o factor espiritual, ou melhor a falta de valores espirituais, morais, éticas e da família é outra causa dos nossos tempos que contribui para o desgaste e aumento da violência na nossa sociedade.
Muitas foram as contribuições que passam pela revisão do papel das nossas escolas e o reforço do ensino da cultura da paz e da cidadania, do reforço das famílias, do combate ao tráfico e posse ilegal de armas, o apoio à emigração, no sentido de ajudar no processo de obtenção de cidadania para evitar os chamados "repatriamentos administrativos" que poderiam ser evitados caso esses fossem cidadãos de direito dos países de origem, o melhor planeamento urbanístico das nossas cidades como factor de melhoria da qualidade de vida e auto-estima, etc.
No que concerne à violência com base nos géneros e nas famílias, foram sugeridas medidas de reforço e de obrigação da assumpção da paternidade responsável, como existe em vários países onde a lei obriga um pai a prover à sua cria, medidas no sentido da reeducação dos homens para a assumpção e valorização da paternidade, já que a nossa sociedade tende a secundarizar a paternidade em relação à importância das mães.
Propostas essas que terão efeito certamente no conjunto de medidas a serem elaboradas pelo Governo, inseridos no referido Plano, algumas das quais vão tomando corpo (ver texto: Mais medidas contra a violência)