O Ministro das Finanças defende que é chegado o momento de incentivar e apoiar o setor privado nacional. Olavo Correia fez esta afirmação na abertura do Workshop “Soluções de financiamento e oportunidades de investimentos a empresas do setor privado”, um evento que levou à ilha de São Vicente duas especialistas do maior banco africano de financiamento do desenvolvimento, o BAD, para um RoadShow com o empresariado cabo-verdiano.
O Governante afirmou ainda que “esta é a hora do setor privado cabo-verdiano”, por isso pediu uma mudança de atitude, quer da parte do Estado, mas também por parte das instituições internacionais. “Nos últimos anos essas instituições têm relacionado potencialmente com o Estado, mas agora precisam de encontrar um novo foco de intervenção, que é o setor privado”, acrescentou.
Citando o exemplo do BAD nesta matéria, o Ministro refere que a instituição tem tido uma intervenção irrisória, até este momento. Por isso, fez o apelo de, em primeiro lugar, mais que financiar o Estado, que o BAD passe a financiar projetos do setor privado. “São as empresas que inovam, que produzem, que exportam e que competem à escala global. E se há instituição que merece o suporte e o apoio da entidade pública é a empresa”, justificou.
Olavo Correia lembrou ainda que o Estado tem limites em matéria de investimento, por causa do endividamento público, portanto, a forma do país continuar a crescer passa, sobretudo, pelo empoderamento do setor privado.
Os setores prioritários de investimento, apontou o Ministro, são o turismo, como setor motor da nossa economia, a agroindústria que é um setor com enorme potencial de crescimento, sobretudo, na perspetiva da cadeia de valor para o setor do turismo. Referiu-se ainda aos transportes, particularmente marítimos, que “é um desafio enorme para o nosso país”. As TIC’s, a energia, da água e do saneamento, entre outros setores de apoio e de suporte ao setor empresarial, nomeadamente o setor financeiro.
O Ministro defende que a restrição que existe, neste momento, em relação ao mercado financeiro doméstico não é razão suficiente para que os projetos não sejam financiados. “Temos oportunidade a nível internacional para que projetos bem montados, com qualidade, e bem estruturados, possam ter financiamento”.
Por outro lado, encoraja ao BAD a trabalhar em cooperação com o setor bancário nacional em termos de linhas de créditos paras as micro, pequenas e médias empresas para que elas pudessem empreender.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Comércio de Barlavento (CCB), Belarmino Lucas, vê com bom agrado esta iniciativa do Governo e encoraja os empresários a aproveitarem a oportunidade, não a deixando passar ao lado. “Esperamos que os nossos empresários se apropriem das informações, que consigam fazer a análise efetiva e eficaz das suas necessidades de financiamento e, em função disso, possam recorrer aquela alternativa que lhes é oferecida e que melhor se adequa às suas necessidades”, acrescentou.
A presidente da Cabo Verde TradeInvest, Ana Barber, reforça que esta é uma oportunidade imperdível, pois “um setor privado forte é seguramente a base para o crescimento e o desenvolvimento de qualquer país. Não pode haver revitalização da economia sem que haja empresas sólidas. Cabo Verde como uma economia insolar, emergente, dependente de variáveis externas, precisa de mobilizar e captar fontes de financiamento para as pôr à disposição das suas empresas”.
BAD está totalmente aberto a financiar o setor privado cabo-verdiano
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) está totalmente aberto à proposta do Governo, por isso, dá garantias de que todos os projetos serão considerados e avaliados na perspetiva técnica e financeira, dentro das condições de acesso ao financiamento que rege esta instituição.
Uma das técnicas do BAD que esteve no roadshow em Mindelo, garantiu que o seu banco não será um concorrente dos bancos comerciais cabo-verdianos, mas sim um parceiro, numa lógica de complementaridade.
O BAD não tem representação em Cabo Verde e espera receber brevemente projetos do setor privado cabo-verdiano.
O Banco Africano de Desenvolvimento é um banco multinacional criado em 1964 do qual são membros 53 países africanos. É financiado por 24 países europeus, americanos e asiáticos cuja a missão é fomentar o desenvolvimento econômico e progresso social em África.
A organização do evento esteve a cargo do Ministério das Finanças, em parceria com a Cabo Verde TradeInvest, e contou com a colaboração da Câmara de Comércio e Industria do Barlavento.