A Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (UASE), do Ministério das Finanças e da Promoção Empresarial, publicou hoje o Relatório Trimestral de Desempenho do SEE de Cabo Verde referente ao 1º trimestre de 2022. O referido relatório apoia a UASE no seu processo de monitorização e acompanhamento junto das empresas pertencentes ao SEE, bem como, na identificação precoce e consequente mitigação de potenciais riscos ficais que as empresas públicas possam representar para a Estado. Este é o segundo relatório trimestral que a UASE publica, sendo que, o primeiro foi referente ao 4º trimestre de 2021, em linha com a Portaria nº48/2021, de 15 de outubro.
A crise financeira provocada pela pandemia da Covid-19 continuou a impactar o desempenho no 1º trimestre de 2022 quando comparado com os valores referentes ao período antes da crise, agravado ainda com a subida dos preços das matérias-primas, energia e de bens de primeira necessidade devido ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia.
No 1º trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) em Cabo Verde foi de 51.332 mECV, traduzindo-se num aumento de 23% face ao período homólogo, que se fixou nos 41.704 mECV, impulsionado pela contínua tendência de recuperação, ainda que, gradual, da atividade económica no país. A recuperação da economia nacional, aliada ao comportamento dos preços internacionais, culminaram em aumentos de preços na generalidade. Em dezembro de 2021, a inflação aumentou para o seu valor mais alto desde novembro de 2013, tendo a inflação média anual situado em 1,9%.
Do ponto de vista económico, a dinâmica do volume de negócios apontou para um aumento de 27% no 1º trimestre de 2022 face ao período homólogo e uma taxa de realização de 97% face à previsão, fixando-se nos 8.373.706 mECV. As empresas ligadas ao setor dos transportes e logísticas, setor bastante afetado pela pandemia, registaram um aumento nos seus volumes de negócios.
A eficiência operacional no 1º trimestre de 2022, refletiu uma melhoria significativa, traduzida pela dinâmica positiva do resultado operacional (+70%) e do resultado líquido (+33%). Para os respetivos resultados, contribuíram significativamente as seis maiores empresas do SEE que viram o resultado operacional bruto (EBITDA) passar de 219.763 mECV negativos para 369.057 mECV positivos, refletindo um crescimento de 267,9%.
O resultado líquido do SEE no 1º trimestre de 2022 é resultante de 12 empresas do SEE analisadas com valor positivo de 617.620 mECV e de 20 empresas com valor negativo de 1.527.901 mECV. Para o resultado líquido negativo, 4 empresas (AdS, ELECTRA, TACV e TICV) contribuíram com 80% do valor.
Do ponto de vista patrimonial, no 1º trimestre de 2022, o total do ativo do SEE ascendia a 126.476.942 mECV, sendo que, 49.845.341 mECV em ativos corrente e 76.631.601 mECV em ativos não corrente. O passivo do SEE totalizava 114.529.598 mECV, representando 91% do balanço do SEE. Este passivo serviu para financiar 39% do ativo corrente e 61% do ativo não corrente, significando que os capitais próprios ao longo dos anos têm sido muito reduzidos (9% no 1º trimestre de 2022).
A recuperação económica foi suportada preferencialmente com recurso aos capitais alheios, o que se traduziu num decréscimo de 1% do ativo do SEE face a aumento do passivo em 2%. Relativamente às seis maiores empresas do SEE, o comportamento relativamente às opções de financiamento durante a fase de retoma tem sido contrário às restantes empresas do SEE. Estas têm optado principalmente por capitais próprios para financiarem a retoma, registando assim uma diminuição do ativo em cerca de 6,4% por causa da sua utilização no financiamento da atividade corrente, bem como, no financiamento das suas responsabilidades para com os terceiros, com impacto na redução do stock da dívida em 0,4%.
No 1º trimestre de 2022, as 6 maiores empresas contribuíram com 65% e 53% do volume de negócios e valor acrescentado, respetivamente, mas contribuíram com 69% para o resultado líquido negativo do SEE. No final do 1º trimestre de 2022, o volume de negócios dessas empresas totalizava 5.322.195 mECV, equivalente a um aumento de 42% comparativamente ao trimestre homólogo e uma taxa de realização acima dos 100% face ao previsto para o período. Este aumento em relação ao período homólogo, demonstrou a tendência da retoma da atividade económica e turística iniciada no 2º trimestre de 2021. De um modo geral, todas as outras empresas registaram crescimento positivo do volume de negócios, destacando o setor dos transportes aéreos, com 174,7% e 2181,4%, para a ASA e TACV, respetivamente, com impacto positivo na riqueza criada em 84%.
Quanto ao risco fiscal, calculado com base no SOE Health Check Tool do Fundo Monetário Internacional (FMI), evidencia que, no quadro da recuperação económica sentida, o nível de risco das empresas no 1º trimestre de 2022 apresentou uma dinâmica favorável, tendo duas empresas saído da categoria de very high risk e duas da categoria high risk. Destaca-se a CABEÓLICA que passou de high risk para moderate risk, bem como, a ECV de very high risk para low risk e CCV de high risk para low risk. Da análise do risco esperado para o 1º trimestre de 2022 para as 6 maiores empresas do SEE, verificou-se a manutenção do nível para ELECTRA e TACV (very high risk), IFH (high risk) e EMPROFAC (moderate risk), no entanto, houve degradação do nível de risco da ENAPOR, que passou de moderate risk para high risk, em virtude dos impactos que ainda se refletem nos indicadores ROA, ROE e liquidez.
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