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Discurso de S. E., o Primeiro Ministro, Dr. José Ulisses Correia e Silva, no Debate sobre a “Política de Rendimentos e Preços”

Senhor Presidente da Assembleia Nacional

Senhoras e Senhores Membros do Governo

Senhoras e Senhores Deputados

 

Em contexto de crises de secas severas, pandemia da COVID 19 e crise inflacionistas Guerra na Ucrânia, a política de rendimentos e preços do Governo teve que se acomodar para proteger o emprego e o rendimento e reduzir os impactos da inflação sobre as famílias e as empresas.

 

A política de rendimentos e preços não foi determinada apenas para aqueles que trabalham na administração pública e nas empresas, mas também orientada para as pessoas e para as famílias que mais sofrem os impactos das crises, os mais pobres e vulneráveis.

 

Em contexto muito difícil que nenhum outro Governo em Cabo Verde enfrentou desde o advento da democracia:

  • A massa salarial aumentou 32,7% em 2022 quando comparada com 2015.
  • Aumentamos o salário mínimo nacional em 2018 e em 2023 e aumentará em 2024 e 2025.

Um trabalhador que em 2016 recebia um salário mínimo de 11.000$00, passará a receber 16.000$00 em 2014, se for funcionário público e 15.000$00, se for trabalhador de empresa.

Para 2025, prevemos um aumento do salário mínimo para 17.000$00.

  • O salário médio aumentou 36,5% entre 2015 e 2022, muito superior à inflação acumulada nesse período.
  • O rendimento per capita aumentou de 3.737 dólares em 2016 para 5.248 dólares em 2023.
  • A taxa de cobertura da Proteção Social aumentou para 55,3% em 2022.
  • Mais trabalhadores empregados passaram a ter cobertura de segurança social, atingindo 65% em 2022.
  • O acesso a bens básicos como água, saneamento, eletricidade e gás butano aumentou.
  • A taxa de desemprego reduziu para 8,7%.
  • A taxa da pobreza absoluta baixou para 20% no segundo trimestre de 2023.
  • A pobreza extrema baixou para 9,4% no segundo trimestre de 2023 e estamos engajados na sua erradicação.

 

Estes são resultados produzidos em situação de crises mundiais. Em contexto de normalidade, estaríamos muito melhor.

 

Para enfrentar as secas severas de 2017 a 2021, investimos mais de 2,5 milhões de contos em Programas de Mitigação com impacto na proteção de rendimentos de milhares de famílias de zonas rurais.

 

Para fazer face aos efeitos das crises provocadas pela pandemia da COVID 19, investimos no Lay-off simplificado, na flexibilização do subsídio de desemprego, em moratórias financeiras e fiscais e em linhas de crédito para evitar que empresas fechassem as portas e milhares de trabalhadores fossem para o desemprego.

 

Para disponibilizar rendimentos e aliviar os encargos das famílias:

  • criamos o Rendimento Social de Inclusão que no próximo ano irá beneficiar mais de 9.000 famílias;
  • aumentámos o valor e o número de beneficiários da Pensão Social que beneficia mais de 25 mil idosos;
  • subvencionamos o ensino pré-escolar para que crianças de famílias mais pobres possam ter acesso aos jardins;
  • introduzimos a gratuitidade de pagamento de propinas no ensino básico e secundário que beneficia 114.000 alunos;
  • isentamos pagamento da taxa moderadora de saúde que beneficia cerca de 60.000 pessoas.

 

Para proteger os rendimentos das famílias cabo-verdianas face aos aumentos dos preços internacionais da energia e de produtos de primeira necessidade:

  • reduzimos o IVA sobre eletricidade e água de 15 para 8%;
  • aumentamos os descontos da tarifa social de eletricidade de 30 para 50%;
  • adotamos medidas financeiras e fiscais para estabilizar os preços de energia (gasolina, gasóleo, fuel, gás butano e eletricidade) e os preços de produtos de primeira necessidade (milho, trigo e óleo alimentar).

 

As graves crises da COVID 19 e da inflação derivada da guerra na Ucrânia e as medidas que tomámos e implementámos para proteger as pessoas e as famílias, não aconteceram no século passado.

 

Aconteceram em 2020, 2021, 2022 e ainda se sentem os seus impactos. Estão bem presentes na memória e na vida das pessoas.

 

Muitas das medidas estão ainda em vigor e algumas foram reforçadas.

 

Na Administração Pública:

  • aumentámos o Salário Mínimo;
  • atualizámos salários e pensões;
  • regularizámos milhares de pendências laborais de progressões, promoções, reclassificações, subsídios que encontrámos em 2016;
  • implementámos estatutos de carreira médica e de enfermagem; da Polícia Judiciária, Polícia Nacional, Pessoal de Segurança Prisional e Pessoal Militar; de Oficiais de Justiça e Registos Notariado e Identificação, de entre outros;
  • criámos e implementámos o Programa de Regularização de Vínculos Precários.

 

Todas estas medidas têm impacto nos rendimentos.

 

Em 2024, será implementado o Plano de Carreiras, Funções e Remunerações, aplicável ao pessoal da carreira do regime geral e que substituirá o PCCS.

 

O Plano de Carreiras, Funções e Remunerações terá impacto nas remunerações. Por exemplo:

  • nos Ajudantes de Serviços Gerais e Guardas, representa um aumento de 19,8%;
  • nos Condutores Ligeiros, um aumento de 10,5%;
  • nos Técnicos Adjuntos, um aumento de 6,6%;
  • nos Técnicos de nível I, um aumento de 4,3%.

 

Em 2024 será implementado o Estatuto do Pessoal Dirigente.

 

Uma equipa de trabalho já foi constituída para proceder à elaboração de proposta de revisão do Estatuto de Pessoal Docente e da Tabela Remuneratória.

 

Em 2024, será implementado um segundo Programa de Regularização de Vínculos Precários na Administração Pública Central e o primeiro Programa de Regularização de Vínculos Precários na Administração Pública Local.

 

Depois de uma grave contração económica em 2020, a economia está a recuperar bem, com crescimento económico, redução do desemprego, redução da pobreza, redução da dívida pública.

 

Em 2022, derivada da escalada inflacionista mundial, a inflação que em Cabo Verde se vinha situando em níveis baixos, disparou para 8%. Uma situação anormal que deve ser interpretada e compreendida por todos.

 

As medidas que tomámos impediram que a inflação aumentasse ainda mais e protegeram os rendimentos daqueles que trabalham, daqueles que não trabalham e daqueles com elevadas vulnerabilidades económicas e sociais.

 

No OE 2024 continuamos com as medidas de relançamento do crescimento económico, fomento do investimento privado e do empreendedorismo, políticas ativas de emprego e proteção e inclusão social, num contexto onde a inflação ficará abaixo dos 3%, como é a previsão.

 

Um novo Acordo Estratégico de Médio Prazo será celebrado com os parceiros da Concertação Social e onde deveremos assumir com sentido de compromisso e de responsabilidade políticas de rendimento e preços e reformas para o aumento da competitividade e da produtividade do país.