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Comunicado de Imprensa Cabo Verde/Israel

Tem sido publicado nas redes sociais um conjunto de especulações sobre uma pretensa intenção do Governo de Cabo Verde de se desvincular dos princípios básicos que norteiam a relação entre os povos, designadamente o reconhecimento do direito à autodeterminação e, ainda, de estar a distanciar-se das resoluções legitimamente adotadas pelas Nações Unidas. Tem tudo isso a ver com a já proclamada intenção do Governo de Cabo Verde de estreitar os laços de cooperação com o Estado de Israel.

 

As coléricas especulações que ora circulam não constituem atos isolados e nem decorrem de exteriorizações ou arrebatamentos intempestivos de quem esteja indignado com uma situação particular. São, sim, reveladoras de uma estratégia dissimulada e reveladora da forma como o PAICV decidiu exercer a oposição democrática, com recurso a escribas de serviço, uns absolutamente irrefletidos e inconsistentes, outros, mais subtis e ardilosos, tentando conferir credibilidade aos seus argumentos com recurso a um pretenso conhecimento de meandros devido as altas funções que desempenharam no passado.

O Governo de Cabo Verde – consciente de que essas maquinações, urdidas em nome de uma alegada ascendência moral e revolucionária, estão claramente em contramão com as mais legítimas aspirações dos cabo-verdianos – vem, uma vez mais, em nome da responsabilidade e da transparência esclarecer o seguinte:

  1. Cabo Verde é um protagonista ativo e útil do sistema das Nações Unidas e tem desempenhado um papel importante no concerto das nações, na aproximação dos povos e na luta pela paz e prosperidade em todo o mundo;
  2. Nessa perspetiva, propugna por relações diversificadas e baseadas nos princípios da soberania, do respeito mútuo, da coexistência pacífica das nações e da resolução pacífica dos conflitos;
  3. O estreitamento dos laços de cooperação com o Estado de Israel não tem correlação e tampouco implica qualquer desvinculação dos valores éticos que norteiam a coexistência pacífica dos povos onde, naturalmente, se inserem os direitos inalienáveis à paz, à autodeterminação e à prosperidade;
  4. A pretensão de aprofundar a cooperação com os diversos sujeitos de um mundo cada vez mais globalizado e que requer respostas múltiplas a questões múltiplas, não pode ser mecanicamente associada a uma renúncia de valores ou princípios, como sub-repticiamente defendem alguns desavisados e boiada de serviço;
  5. A pretensão do Governo circunscreve-se estritamente a uma intransigente defesa dos interesses de Cabo Verde e dos cabo-verdianos por via de uma procura transparente, objetiva e pragmática de novas hastes. De resto, o mesmo pragmatismo que no passado, norteou os primeiros governos do Cabo Verde independente a manter, em defesa dos interesses da Ilha do Sal e de Cabo Verde, relações económicas com a África do Sul, não obstante um embargo de toda a comunidade internacional;
  1. Alguns escribas, então dirigentes de cúpula do partido no poder, estarão seguramente lembrados que Cabo Verde foi o único pais de África a permitir a escala dos aviões da companhia aérea sul-africana, SAA. Os interesses de Cabo Verde em primeiro lugar;
  2. O Governo de Cabo Verde irá continuar a trabalhar para desenvolver e consolidar as relações de cooperação e de amizade com o Estado de Israel e brevemente designará um Embaixador não residente naquele país do médio oriente. Os interesses de Cabo Verde sempre em primeiro lugar.
  3. O Governo de Cabo Verde não se desviará um milímetro sequer da sua opção pragmática e objectiva da nova diplomacia que quer, com audácia, determinação e responsabilidade, desenvolver para fortalecer, no quadro da defesa intransigente dos direitos humanos, da democracia, das liberdades e do primado da lei, as suas relações externas com os demais países que compõem a comunidade internacional.