Segundo o conferencista, as ilhas da Macaronésia abrangem um conjunto de arquipélagos localizados entre o "Velho Mundo" e a extensão do Atlântico médio. Os arquipélagos funcionaram como laboratórios de experimentação de novas plantas, animais, sistemas de culturas e formas de convivência humana. Cabo Verde foi transformado numa das mais importantes placas giratórias no comércio de escravos, mas também uma base da presença portuguesa nas fronteiras dos impérios da África de Oeste.
A Macaronésia ocupa, assim, o lugar de guardião de passagem entre o continente e o oceano, mas também de circulação no oceano e entre os continentes, na mesma escala que as matérias-primas básicas circulam no Atlântico, entre a África, Europa e Américas.
O conferencista perspectiva uma nova Macaronésia a partir da criação de uma plataforma de diálogo inter-arquipelágico tendencialmente direccionada para a troca de experiências na gestão dos territórios insulares com problemas inerentes de descontinuidade territorial, pequenez do mercado interno, dependência de ciclos de monoculturas inclusive do turismo, dependência dos continentes e disputa de sua importância estratégica pelas potências, expressiva nação diasporizada, além de vários conflitos internos, designadamente em matéria de desequilíbrios regionais.
Ainda existem grandes desafios para os governos da Macaronésia, como a gestão da ultra-periferia e ausência de ligação eficaz entre os quatro arquipélagos pertencentes a três países, remata José Maria Semedo.