José Maria Neves convidou, hoje, o Santo Padre, a efectuar uma visita a Cabo Verde, ao qual este aceitou "com muito gosto", já que trata-se de um país especial para o Vaticano.
Essas ilhas africanas e do Atlântico, mais concretamente a Cidade Velha, foram a sede da primeira Diocese da Igreja Católica no continente, ainda em 1533, e estão na base da expansão e do desenvolvimento do Cristianismo na África Ocidental e em todo o continente africano.
Falaram do percurso histórico de Cabo Verde e do grande processo de transformação que se vive no país. Neves recorda que foi há 40 anos que Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos encontraram-se com o Papa, na altura, Paulo VI, "num outro momento da vida dos nossos povos".
Nos tempos de hoje, "Cabo Verde está a tornar-se cada vez mais num país possível, mais moderno, mais justo e mais livre", afirmou o Primeiro Ministro que teve a oportunidade de dar a conhecer ao Santo Padre um pouco mais sobre esse percurso de sucesso.
Para José Maria Neves, "foi um momento gratificante para a projecção de Cabo Verde poder agora ser recebido pelo Papa Bento XVI". A visita do Pontífice será uma oportunidade para que o Papa "possa abençoar todo este processo de construção do futuro e da dignidade humana" nas ilhas, afirmou ainda ontem o Chefe do Governo cabo-verdiano.
Neves e Bento XVI abordaram, também, questões gerais sobre a África, sobre o combate à pobreza, "as políticas de solidariedade social e sobre a dignidade da pessoa humana no continente africano".
Outro tema foi a Encíclica, "a caridade na verdade" e que tem ensinamentos extraordinariamente importantes para os líderes africanos e os líderes do mundo inteiro, segundo o Primeiro Ministro.
O papel da Igreja nesse processo de construção contínua da África e no cultivo e fortalecimento de valores como a justiça social, a fraternidade, a liberdade, a dignidade da pessoa humana e o bem comum, foram também temas de conversa.
Neves lembra que em breve a Igreja irá publicar um importante documento de reflexão sobre a África, resultado do Sínodo dos Bispos Africanos realizado no ano passado e que, "com certeza terá um impacto muito grande no futuro de África".
A Concordata a ser assinada em breve, entre Cabo Verde e o Vaticano foi um assunto importante na conversa entre Neves e o Pontífice, com Bento XVI a manifestar a sua satisfação pelo processo estar na fase de negociação.
"Há todas as condições para acelerarmos as negociações, há um roteiro, vamos criar uma comissão mista, que irá trabalhar para, rapidamente, fixar o texto definitivo e assinarmos a Concordata", enfatiza.
O Papa, este, felicitou o povo de Cabo Verde por todos os ganhos alcançados desde a Independência a este momento e pelo facto de estar na linha da frente na realização dos Objectivos do Milénio.
