Valerie Cerra, que chefiou a delegação do FMI, a "ampla variedade de indicadores" permite esta conclusão. Os índices de confiança empresarial, as receitas fiscais e os dados da importação indicam "uma retoma abrangente da actividade económica" em Cabo Verde, a qual "está a ganhar força à medida que o ano vai decorrendo", disse segunda-feira, em conferência de imprensa, o chefe da missão do FMI
Valerie Cerra realça o facto de o sector turístico ter estabilizado no primeiro semestre deste ano, estando em "sólido crescimento" no segundo semestre, enquanto a inflação permanece "em níveis baixos" e as reservas em moeda estrangeira continuem a crescer.
"Este desempenho económico favorável deve-se, em grande parte, a uma administração macroeconómica prudente, incluindo as políticas públicas contracíclicas robustas", sublinhou.
Perante os resultados positivos obtidos até agora, sublinhou, o FMI vai continuar a apoiar a estratégia de Cabo Verde para "acelerar temporariamente" os investimentos públicos, avaliados em 31 mil milhões de escudos (cerca de 281,1 milhões de euros), bem como as suas políticas de protecção social.
Valerie Cerra considera que as autoridades do arquipélago "estão a utilizar sabiamente a janela de oportunidade que se oferece para a obtenção de créditos externos em condições altamente favoráveis, aumentando os investimentos para aliviar as restrições relativas à geração de electricidade e ao abastecimento de água e outras infra-estruturas".
Apesar de reconhecer que o stock da dívida de Cabo Verde aumentou nos últimos dois anos, Valerie Cerra desdramatizou este facto, uma vez que, recordou, "os empréstimos são a título de concessão, o que permite carências e vencimentos de mais longo prazo".
"O que significa que os rácios da dívida deverão permanecer baixos", reiterou, referindo que o principal desafio de Cabo Verde residirá na execução "eficiente" dos investimentos públicos e na preservação da sustentabilidade da dívida pública.
Neste sentido, Valerie Cerra é da opinião que para o próximo PSI, uma vez que o primeiro termina este ano (2007/2010), Cabo Verde deverá enfatizar reformas para o fortalecimento da gestão da dívida pública, aumentando a transparência e o tratamento equitativo na área fiscal, com maior ênfase no desenvolvimento dos mercados financeiros e na salvaguarda do sistema financeiro.
O Instrumento de Apoio Político (Policy Support Instrument – PSI) é um programa designado pelo FMI para países de baixo rendimento e países insulares que podem não necessitar ou querer ajuda financeira mas continuam a procurar "conselho, monitorização e apoio" dessa instituição financeira internacional às suas políticas.
Tal desempenho deve-se, no dizer da missão, a uma política macroeconómica prudente, que inclui as medidas contra-cíclicas do governo de José Maria Neves, que passam por um forte investimento público.
Satisfeita com a apreciação do FMI está naturalmente a Ministra cabo-verdiana das Finanças, Cristina Duarte, que já fala num crescimento económico de 6% para este ano, 2% mais do que o verificado no ano passado.
De referir que esta é, provavelmente, a última missão do FMI a Cabo Verde nesta legislatura, já que no primeiro trimestre de 2011 haverá eleições legislativas.