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União Africana: PM defende especificidades dos Pequenos Estados Insulares nas agendas da UA

“Gostaríamos que as especificidades dos Pequenos Países Insulares sejam cada vez mais colocadas nas agendas africanas e internacionais”, defendeu o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, esta segunda-feira, 11, durante uma das suas intervenções na 32ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo da União Africana. Para Ulisses Correia e Silva, o forte engajamento com a luta contra as alterações climáticas, cujo sucesso interpela todos os países do mundo é o desafio e uma ameaça que não deve deixar ninguém de fora.   

Neste sentido, Ulisses Correia e Silva pede cuidado aos pequenos países insulares que devem merecer proporcionalmente maior atenção, maior acesso às tecnologias e a recursos financeiros para investimentos estruturantes nas respetivas estratégias de resiliência e de adaptação às alterações climáticas e a choques externos.

“Primeiro, os Pequenos Países Insulares são muito mais vulneráveis aos problemas ambientais globais e às mudanças climáticas. Segundo, contribuem muito pouco para o aquecimento global, mas pagam uma fatura muito grande e muito desproporcional”, apontou o Chefe do Governo acrescentando ainda que enfrentam com maior frequência os fenómenos meteorológicos e climáticos extremos como furacões, inundações e secas e têm fraca capacidade de enfrentar e mitigar ou anular os seus efeitos.

De acordo com o Primeiro-ministro, as consequências fazem-se sentir sobre o aumento da aridez, da erosão e perda da fertilidade dos solos, do aumento da escassez da água, da degradação da vegetação, da intrusão salina, da degradação da costa e da perda da biodiversidade. Isto tudo, impacta negativamente a capacidade de produção agrícola e pecuária, a segurança alimentar e as assimetrias entre as regiões e o êxodo rural.

Por estas razões,  Cabo Verde está a implementar uma agenda robusta de resiliência, que inclui mecanismos de alerta precoce, reforço da capacidade de resposta e de governança dos riscos e das crises, novas atitudes e práticas, visando a exploração mais sustentável dos recursos naturais, transição energética para as fontes renováveis (meta 50% em 2030) e diversificação das formas de mobilização da água como a dessalinização das águas salobras e do mar e a reutilização segura das águas residuais na agricultura.  Posto isso, Ulisses Correia e Silva manifesta a sua vontade em ver pequenos países insulares a trabalharem e atuarem de “forma conjunta e articulada” na arena regional e internacional.

O Primeiro-ministro de Cabo Verde fez esta intervenção no segundo dia de trabalho na 32ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia, no quadro da apresentação do Relatório sobre Mudanças Climáticas pelo Gabão. Ulisses Correia e Silva faz-se acompanhar nesta Cimeira pelo Ministro de Estado, Fernando Elísio Freire.

São 55 Estados-Membros da União Africana que ratificaram e aderiram ao Ato Constitutivo da União Africana, tornando-se membros da organização. De uma organização original de 36 Estados, quando foi estabelecida em 25 de Maio de 1963, entraram em curso 18 processos de expansão — o maior deles em 18 de julho de 1975, altura em que Cabo Verde também a aderiu.