O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, salientou nesta terça-feira, em Assomada, a importância, riqueza e actualidade do pensamento e legado de Amílcar Cabral numa tarde de homenagens ao patrono do Liceu de Assomada e Pai da Nacionalidade Cabo-verdiana, tendo instado a escola a honrar a memória de Cabral e ajudar a divulgar a sua obra. Na mesma ocasião Neves chama a atenção para o papel da escola na formação de cidadãos mais conscientes dos seus direitos e deveres e mais proativos. É aquilo que chama de “escolas cidadãs”.
O Chefe do Executivo foi esta terça-feira, a inaugurar, numa tarde de homenagem ao grande líder da gesta de Libertação Nacional, Amílcar Cabral, um busto do saudoso, um centro de documentação e o auditório completamente remodelado da escola que ostenta o nome daquele que é justamente considerado o Pai da Nacionalidade Cabo-verdiana, obras essas que contaram com o alto patrocínio do Gabinete do Primeiro-Ministro e que partiram de um desafio e uma promessa lançados por José Maria Neves a 20 de Janeiro último.
Do referido auditório Neves dirigiu uma forte mensagem de resgate da memória e da obra de Amílcar Cabral, para uma plateia de professores, estudantes e convidados, tendo feito questão de frisar a actualidade do pensamento e do legado de Cabral.
Amilcar Cabral, como explicou depois à comunicação social, é uma referência, não só moral, “pela sua generosidade, pela sua entrega” à causa da libertação dos povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, é uma figura de destaque na história do mundo do século XXI e uma referência para a juventude cabo-verdiana. O seu legado, que o faz uma das grandes figuras da história da humanidade do século XX, ultrapassa as fronteiras do nosso país, dando visibilidade e notoriedade ao liceu Amílcar Cabral.
Sobretudo agora com a edificação do centro de documentação ora inaugurado, o liceu de Assomada poderá e deverá dar um valoroso contributo para a divulgação e valorização da memória de Cabral, podendo promover debates e investigações não só sobre a luta nacional, mas também sobre o pensamento deste combatente da liberdade da pátria que deixou pistas e questionamentos valorosos sobre questões que se mantém atuais.
Cabral, recorda Neves, enquanto engenheiro agrónomo que era, foi um pensador e estudioso da realidade africana e de Cabo Verde em particular, e problematizou questões que nos são cara, como a consciencialização ambiental e necessidade de valorização e preservação do solo, a luta contra a seca e “propôs um conjunto de soluções, até barragens”. Daí que sublinhe o Primeiro-Ministro, “também nesta área científica Cabral é extremamente importante para o futuro do nosso país”.
Enquanto uma referencia moral, Cabral, segundo Neves, contribui enormemente também para a construcção de uma “escola cidadã” que ajude a formar cidadãos mais conscientes do seu papel, dos seus direitos e deveres, gente mais ativa e engajada no processo de desenvolvimento das suas comunidades e do seu país, como apelou o Chefe do Executivo que acredita que o centro de documentação agora lançado poderá estimular outras escolas a fazerem o mesmo em relação a outras figuras importantes e contribuindo para o enriquecimento dos debates e para o despertar das consciências.
De frisar que pouco antes do início das cerimónias, a chuva tal qual um sinal da presença e da grandeza de Amílcar Cabral, veio falar mantenha, obrigando ao reordenamento da programação e a que a inauguração do busto de Cabral ficasse para o final, em vez do início.
Porém, a queda das precipitações só vieram a abrilhantar ainda mais a festa e a tornar mais forte a sensação da presença do grande herói nacional como lembraram um grupo de estudantes que declamaram algumas das poesias do saudoso, entre os quais “Mamãe Velha”, sobressaindo os versos: A Chuva amiga mamãe velha, a chuva que há tanto tempo não batia assim… A Chuva amiga já falou mantenha, é a tempestade que virou bonança…”
Glória e honra à memória de Amílcar Cabral!