O Primeiro-Ministro, José Maria Neves inaugurou esta manhã a terceira Extensão da Central Única do Palmarejo que considerou mais uma etapa importante nesta verdadeira revolução que se tem feito nos últimos anos no sector energético que considera um exemplo da grande transformação do país, sendo que em 2016 100% do país deverá estar coberto pela rede eléctrica.
“Se há um sector onde podemos dizer de forma muito clara que Cabo Verde transformou-se radicalmente é o sector da energia”, considerou categoricamente José Maria Neves na sua intervenção, ele que presidiu o acto da inauguração desta nova extensão da Central Única do Palmarejo que vem acrescentar mais 22 MW, elevando para 71 MW a capacidade instalada na referida central e que é apenas uma pequena amostra da grande transformação do país no sector energético.
Para além da central única do Palmarejo, todas as ilhas do país viram melhoradas consideravelmente a situação energética com pesados investimentos que ultrapassam os 120 milhões de euros (12 milhões de contos), nomeadamente o reforço da central do Lazareto em São Vicente, as centrais únicas de Santo Antão, do Fogo e de São Nicolau, prestes a serem inauguradas, como também o reforço da capacidade de produção e distribuição de energia da central do Lazareto em São Vicente recentemente inaugurado, apenas para citar alguns.
São investimentos avultados também em matéria das energias limpas, nomeadamente os parques eólicos em São Vicente, Sal, Boa Vista e Santiago e que aproximam o país da meta da cobertura a 100% de todo o país com energia eléctrica e que deverá ser atingido em 2016, conforme perspectivou José Maria Neves.
Para se ter a ideia do quanto o país progrediu nesta matéria o Primeiro-Ministro lembra que em 2000 apenas 48% do país estava coberto pela rede eléctrica “com grandes deficiências em termos de produção, de transporte e em termos de distribuição”, dando conta das “grandes assimetrias regionais” que havia em termos de energia quando havia regiões do país com cobertura de 30%, 25% ou mesmo 20% apenas.
O desafio é agora garantir a eficácia e eficiência energética, dando continuidade ao projecto de, em 2030, ter o país com capacidade para produção e distribuição de energia 100% limpa e os estudos, aponta Neves, mostra que há potencial para a produção de até 400% da necessidade energética nacional a partir do vento e do sol.
Por tudo isso o Chefe do Executivo afirma que “estamos num novo patamar capazes de enfrentar com muito mais sucesso os desafios do futuro. Já colocamos os pilares, construímos os alicerces e agora é o momento de acelerarmos os ritmos de crescimento do país para atingirmos novos horizontes, para que em 2030 tenhamos um país desenvolvido”, fazendo já parte da memória episódios como o fatídico apagão de 2011 quando se estava em pleno debate eleitoral na sede da TCV na cidade da Praia e que colocava frente a frente Neves e o candidato da oposição na altura, Carlos Veiga, lembrado pelo próprio Primeiro-Ministro.
A Ministra do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial, Leonesa Fortes, reforça as palavras de Neves afirmando que neste momento já se pode falar em estabilidade do fornecimento da energia com a visível redução substancial dos blackouts e de maior qualidade e segurança no fornecimento de energia.
“Em 2000 o consumo rondava os 330 KW per capita por ano, mas hoje ronda a volta de 800 KW per capita por ano. Pela primeira vez, o país pode falar em reservas de potência instalada nas ilhas e da garantia da cobertura universal, para o conforto dos cabo-verdianos”, reflecte Fortes.
O Presidente do Conselho de Administração da Electra, Alexandre Fontes, por sua vez realça o efeito positivo destes investimentos na melhoria da situação financeira e administrativa da empresa, sendo que a perspectiva é de que em 2016 se possa atingir o “break even”, ou seja, que a empresa deixe de acumular perdas e passe a ser não só sustentável quanto rentável.
Mas para isso, há que reduzir as perdas comerciais em pelo menos 9%, reflecte Fortes que aponta como grande desafio ainda as perdas, sobretudo, ao nível da produção e distribuição, muito devido aos roubos de energia que chegam a atingir valores exorbitantes, para além das dívidas dos clientes à empresa que atingem os sete bilhões de escudos.
Por isso, diz, é importante a manutenção do processo actual de cobrança das dívidas. Com a entrada em vigor da Lei de criminalização do furto de energia e montada a logística de controlo e fiscalização nessa matéria, Fortes mostra-se optimista de que a empresa estará em condições de vencer ainda esse desafio.
No que concerne à produção e distribuição de energia em relação à central do Palmarejo, os oito grupos de geradores agora existentes vão permitir uma capacidade de reserva de potência suficiente para a programação e a realização dos trabalhos de manutenção e de resolução de avarias sem interrupções na produção e distribuição de energia.
Esta última extensão agora inaugurada foi financiada pelo Banco Mundial/IBRD e pelo Governo de Cabo Verde.