O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, assumiu, perante o seu homólogo guineense, Domingos Simões Pereira, Bissau, a disponibilidade do Governo de Cabo Verde em ajudar a Guiné-Bissau a desenvolver um plano director para o desenvolvimento do turismo e poder, assim, aproveitar todo o enorme potencial turístico, conferido pessoalmente com a visita a duas das 89 ilhas que compõem o belíssimo arquipélago dos Bijagós.
Da paradisíaca ilha de Burane onde os dois chefes de Governo passaram a noite de sábado para Domingo, ambos perspectivaram a cooperação entre os dois países nesta nova fase de reaproximação e reforço das relações bilaterais, tendo o belíssimo cenário desta e da ilha de Bubaque, a escassos cinco minutos de bote a motor, servido de inspiração para a conversa.
À comunicação social, Domingos Simões Pereira reafirmou a vontade e determinação do seu Governo em levar adiante o seu plano de governação em todos os domínios, em particular, no turismo, agradecendo a disponibilidade manifestada por José Maria Neves e pelo Executivo de Cabo Verde, em auxiliar neste processo em termos de políticas (plano director) e organização do sector.
Por sua vez, José Maria Neves enalteceu a beleza paisagística exuberante das ilhas visitadas e o incrível potencial para o desenvolvimento do turismo, sublinhando a necessidade do desenvolvimento de algumas condições essenciais para que se possam aproveitar essas oportunidades e colocar toda essa riqueza ao serviço do desenvolvimento do arquipélago e da Guiné-Bissau em geral.
Para isso há que desenvolver questões como o ordenamento do território, incluindo a definição de Zonas de Desenvolvimento do Turismo Integrado (ZDTI´s) e a preservação do ambiente, definição de áreas de reserva do Estado áreas, que considera, o nosso país tem conseguido desenvolver com sucesso. “É bom termos aqui alguém que conduziu todo este processo (da agenda de transformação de Cabo Verde e podermos ouvir dele sobre o que fazer e das experiencias menos conseguidas”, salientou Simões Pereira, que sublinha, entretanto, que ainda que a Guiné possa se inspirar naquilo que já funciona em outros pontos do Globo” ´”o diagnóstico e visão são nossas”, no sentido em que toda e qualquer visão e política terá de ser adaptada ao contexto e realidades guineense.
Entre as preocupações estão não só “um quadro lógico de intervenções” como as já referidas acima e o desenvolvimento das infra-estruturas, como também a questão ambiental e a integração dos hábitos e os costumes dos nativos do arquipélago dos Bijagós, “qualquer que venha a ser o modelo turístico escolhido”.
No caso do arquipélago dos Bijagós, os potenciais são enormes, sendo 89 ilhas, 34 delas habitadas e a maioria completamente virgem, abrindo perspectivas enormes para o turismo de natureza, (ou ambiental se quisermos), entretanto os desafios são muitos, como apontou Pereira.
No que toca aos desafios mais imediatos em relação ao referido arquipélago estão a construção de um aeroporto com todas as condições de segurança para receber aviões de maior porte do que as avionetas que hoje aterram e decolam da pista de terra batida do aeródromo da ilha de Bubaque e o desenvolvimento de outras infra-estruturas de base em áreas como o saneamento e a comunicação.
A acrescentar, José Maria Neves realça as oportunidades de negócio que se abrem ao empresariado cabo-verdiano em matéria do turismo na Guiné-Bissau, prometendo esforços no sentido de sensibilizar a nossa classe empresarial a aproveitar essas mesmas oportunidades. Inclusive, a Guiné-Bissau poderá apresentar-se como um destino atractivo para os cabo-verdianos, conforme sugeriu Neves.
Entretanto, alguns passos vão sendo dados para a capitalização dessas oportunidades no turismo entre os dois países, nomeadamente a reabertura recente da ligação aérea (TACV) entre os dois países, sendo o estabelecimento de uma ligação marítima regular o próximo passo a ser dado nos próximos meses e que possam estimular os investimentos de cabo-verdianos na Guiné-Bissau.
O Primeiro-Ministro de Cabo Verde aproveita ainda para incentivar as câmaras municipais cabo-verdianas a desenvolverem parcerias com as ilhas do arquipélago dos Bijagós que constituem mais um elo forte entre os dois países. Uma das ilhas, fica tão próxima de Cabo Verde que até recebem o sinal e escutam com frequência as rádios do nosso país.