O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, presidiu o acto de inauguração de um Busto de Agostinho Neto, um dos nomes máximos das lutas de libertação das ex-colonias portuguesas e considerado o pai fundador da Angola livre, tendo sido também o primeiro Presidente da República daquele país irmão, após a sua independência. Um acto singelo, mas de enorme importância conforme sublinhou o Chefe do Executivo, no sentido em que o busto representa o “espírito” e a “referência” da luta e do legado de Neto que, enquanto médico, serviu em Santo Antão.
Neves destaca o papel fulcral de Agostinho Neto nesta nobre gesta da luta de libertação das ex-colonias portuguesas em África, para justificar esta homenagem, sem esquecer o tempo que Agostinho Neto viveu e exerceu a medicina em Cabo Verde, particularmente em Santo Antão onde esteve entre 1960 a 1961, como ainda em outras regiões do país, nomeadamente na Praia, daí o hospital central da Praia ostentar o seu nome.
“De certeza que Agostinho Neto e Amílcar Cabral estão connosco neste momento e estariam orgulhosos do percurso que fizemos nestes 40 anos de independência”, considera José Maria Neves. O busto que ora inaugura-se, refere o Chefe do Executivo, é mais um contributo para imortalizar o legado de Neto, homem “maiúsculo” e de “grande humanismo” como acrescentou, em entrevista à RCV, o Presidente Pedro Pires, um dos companheiros de luta e amigo do saudoso, presente no acto na qualidade, também, de Presidente da Fundação Amílcar Cabral.
“O momento da libertação da subjugação é o momento mais alto, mais nobre e mais sublime da vida de um povo”, salienta José Maria Neves, mais uma vez para ilustrar a importância da figura e do legado de Agostinho Neto e outros combatentes graças ao qual “nós hoje, Angola e Cabo Verde, estamos libertos da subjugação, assumimos o destino dos nossos países e escrevemos a nossa própria história”.
Em relação a esta doação da Fundação Agostinho Neto (o busto) a Cabo Verde e Ponta do Sol em particular, segundo nota de imprensa trata-se de um “reconhecimento dos fortes laços de amizade e afecto que se estabeleceram entre o casal Neto e as gentes desta ilha”, durante o período em que, na condição de deportado político, exerceu medicina na ilha.
O Primeiro-Ministro recorda ainda uma visita de Agostinho Neto à cidade da Praia, já como Presidente da República Popular de Angola na altura, em que num dos seus discursos Agostinho Neto frisou “emocionado” os laços emotivos que o uniam ao nosso país.
O Primeiro-Ministro faz ainda uma pequena viagem à história para recordar a feliz coincidência de um dos pseudónimos de Neto no período da luta ser precisamente “José Maria das Neves”.
Assim, Neves agradeceu à Fundação Agostinho Neto por, com esta oferta, ajudar a trazer de volta Agostinho neto, pois que este não é apenas um busto, mas é também reavivar “as lembranças, é a alma, é o espírito, é a referência desta luta”. Um acto, portanto, extremamente importante “porque nos permite referenciar esses grandes vultos da nossa história”, frisa.
Presente na cerimónia, juntamente com alguns filhos e netos de Agostinho Neto, a esposa do homenageado, Maria Eugénia Neto destacou as grandes conquistas alcançadas pelos povos cabo-verdiano e angolano desde as suas independências e reflectiu que ambos têm como grande desafio “a luta contra a amnésia selectiva e a ignorância sobre o passado”, daí este gesto da Fundação Agostinho Neto de doar este busto a uma cidade que foi muito querida para o saudoso.
Quanto ao busto, de inegável beleza, este foi erguido, precisamente em frente à Enfermaria Regional da Ponta do Sol, onde Agostinho Neto residiu e exerceu medicina. Resta ainda recordar que esta não é a primeira homenagem de Santo Antão a Neto, já que o antigo aeródromo de Ponta do Sol, hoje desactivado, também ostentava o seu nome.