O Primeiro-ministro, José Maria Neves, foi o convidado do Instituto de Ciências Jurídicas e Sociais (ISCJS), para falar aos estudantes da referida instituição sobre aspectos que têm a ver com a governação e governabilidade, ele que é formado em Administração Pública e Gestão, tendo Neves reflectido sobre os desafios que se impõem à governação no país e a sua experiência de governação, para além dos conceitos básicos da área. Neves sublinha a necessidade de uma administração pública virada para a promoção do bem-comum e ao serviço do desenvolvimento do país, mais uma vez insistindo na necessidade da “despartidarização” do sector.
Já à entrada na sede do referido instituto, abordado pela comunicação social, José Maria Neves resumia a sua intervenção, tendo reforçado a necessidade de uma mudança de atitude e perspectiva no seio da administração pública.
Mais uma vez, o Primeiro-Ministro toca o “dedo na ferida” e chama a atenção para o perigo e a necessidade de uma nova postura no seio da administração pública cabo-verdiana, em todos os níveis, mais proactiva e menos “partidarizada”. Isso não obstante os fortes esforços de reforma no sector. O governo tem feito um trabalho grande no domínio da reforma do Estado e da Administração Pública, mas temos que trabalhar para criar melhores condições de governabilidade para melhorar a governação do país”, reflecte.
Essa realidade deve-se, em grande parte à demasiada politização e bi-partidarzação política, onde quase tudo é levado para o campo da política e onde, muitas vezes as opções e sensibilidades pessoais se confundem com as opções e sensibilidades políticas.
Esse é um aspecto que debilita, na opinião de José Maria Neves, a actuação mais eficaz da administração pública e que se deve à pequenez do país, na medida em que ainda somos uma sociedade de interconhecimento, daí dificultando a separação entre as esferas pessoais e profissional.
“Temos um microestado, uma sociedade de interconhecimento onde os equilíbrios são muito precários. Construir e remodelar governo no arquipélago é complexo, pelo que garantir o desenvolvimento e assumir as pressões e demandas dos cidadãos e da sociedade civil constitui um exercício extremamente difícil”, reitera Neves.
O Chefe do Executivo insiste na despartidarização das “nossas cabeças” e na promoção de uma administração pública que seja, realmente, factor de desenvolvimento e de transformação de Cabo Verde. Ouça aqui as considerações à imprensa, do Primeiro-Ministro, sobre a matéria:
Outra questão importante abordada tem a ver com o grau de confiança entre os partidos e os actores políticos que, diz, deve ser reforçado, e que muitas vezes emperra as negociações e as decisões.
De referir ainda que tal palestra foi iniciativa da Coordenação da Licenciatura em Ciência Política & Administração Pública, do Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais e enquadra-se no ciclo de actividades em comemoração a IV Semana da Ciência Política e Administração Pública, a decorrer até domingo, 14.
