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PM reflecte sobre tentativas de condicionamento do Estado pelo crime organizado

O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, comentou pela primeira vez sobre os últimos acontecimentos ligados à segurança no país. Neves elucidou com o caso específico do assassinato da mãe da Inspectora Cátia Tavares da Polícia Judiciária (PJ) realçando a determinação do Executivo em combater o narcotráfico e refutando a leitura de que estes ataques poriam a nu as fragilidades do país em matéria de segurança.

José Maria Neves questiona o porquê, por exemplo de em Cabo Verde haver leituras diferentes em relação ao que aconteceu com o atentado aos profissionais do jornal satírico «Charlie Hebdo» em que as pessoas consideram “ um atentado à liberdade de imprensa e de expressão” e já no caso dos atentados últimos em Cabo Verde, o assassinato à mãe da Cátia Tavares e, embora não o tenha referido, o atentado contra o seu filho mais velho, José Luís Neves, considerar-se “as fragilidades” em relação à segurança.

Não teria falhado, no caso francês, a segurança? Teriam as forças de segurança daquele país feito tudo ao seu alcance para evitar a cadeia de acontecimentos que resultou na morte de cerca de 17 pessoas na sequência do ataque ao referido jornal? São algumas das questões que Neves lança para debate.

Outro aspecto e que este aborda com total pragmatismo e linguagem clara tem a ver com a percepção de algumas pessoas de o Governo ou o Estado de Cabo Verde terem dois pesos e duas medidas em relação a crimes de assassinato consoante os envolvidos. O Primeiro-Ministro defende claramente que o atentado à mãe da referida inspectora, pela sua natureza tem de ser considerado como um atentado ao Estado, “uma tentativa de condicionar o Estado”, seja o Governo, as polícias, os tribunais, etc., nesta luta contra o narcotráfico, não quer isso dizer que alguma vida vale mais do que outra.

Por fim, José Maria Neves reflecte que isso também é uma prova do forte combate que Cabo Verde tem dado ao crime organizado, sendo que este é, desde sempre, um aspecto estratégico no programa de Governo e no que tange à segurança como uma condição estratégica para a agenda de transformação e desenvolvimento do país.

Ainda sobre a questão cabo-verdiana, Neves faz mais um paralelo com o caso francês em que o sistema de vigilância foi fundamental para caçar os actores do atentado para lembrar que já faz “quase dois anos” que o governo entregou no Parlamento uma proposta para a instalação de um sistema de vigilância no país e que ainda aguarda a sua aprovação. “Espero que agora isso avance”, Apela.

Neves chama a atenção ainda para o perigo do fanatismo, seja no campo político, religioso ou outro, lembrando o chocante caso de “genocídio” que se verifica neste momento na Nigéria com as acções do Boko Haran.