Cabo Verde quer contribuir para o desenvolvimento de São Tomé e quer que a grande comunidade de cabo-verdianos e descendentes aqui possam contribuir, cada vez mais, para o desenvolvimento deste arquipélago deste lado do sul do Equador.
Para isso, diz José Maria Neves, o Governo de Cabo Verde quer desenvolver, junto com o Governo santomense, "uma nova geração de projectos para a inserção desta comunidade da melhor forma na sociedade santomense".
Projectos esses que têm a ver com o fomento, empreendedorismo e apoio empresarial, o acesso aos créditos e micro-créditos, sobretudo na área agrícola, assim como da pecuária e outras, para que esses cabo-verdianos/santomenses possam melhorar as suas condições de vida e assim, contribuir da melhor forma para o desenvolvimento de SãoTomé e Princípe.
"Nós queremos desenvolver programas comuns entre os dois governos, que possam beneficiar cabo-verdianos e santomenses aqui em São Tomé e possam contribuir para, por um lado, reforçar as nossas relações, e por outro lado, garantir mais instrumentos para o crescimento e o desenvolvimento de São Tomé e Princípe", enfatiza.
No que concerne ao drama dos "contratados"das roças dos tempos coloniais, o Executivo cabo-verdiano propõe, juntamente com São Tomé e Portugal, a criação de uma comissão tri-partida para a busca de soluções. "É um dever moral que nós temos para com essas pessoas…", sublinha, agradeçendo ao Governo de São Tomé pelo esforço que tem feito, à medida das suas possibilidades, para ajudar a essa gente que é também são-tomense.
Este enfatiza, que até há pouco tempo, a única pensão que vinham recebendo foi-lhes concedida pelo Governo de São Tomé, após a indepêndencia. Hoje, cerca de 800 desses "contratados" beneficiam de um complemento de 20 euros, cerca de 490 dobras, moeda local que se revela de extrema importância para a sobrevivência dessa gente.
Recorda-se que, após o 25 de Abril, esses contratados perderam os seus direitos às suas pensões que a lei lhes concedia, e a maioria vive ainda no que agora são as ruínas dessas antes prósperas roças, sem emprego e meios de conseguir recursos. Mesmo apesar dos esforços do Governo Santomense, à medida das suas possibilidades, que atribuía a alguns uma pequena pensão, essa quantia é francamente insuficiente para esses milhares de cabo-verdianos que vivem no limiar da pobreza extrema.
Faltam cerca de 200 pessoas para cobrir o universo desses contratados e a intenção, diz Neves, é aaumentar ainda mais esta contribuição, "mas achamos de justiça" que Portugal participe. Durante a tarde, José Maria Neves concedeu uma série de audiências aos vários partidos com assento parlamentar em São Tomé, a fim de se inteirar melhor dos desafios e das melhores vias e áreas de cooperação.
No Sábado Neves estará na ilha de Príncipe, para mais uma sessão de encontros e visitas ao Governo Regional e à comunidade cabo-verdiana daquela ilha.