De acordo com José Maria Neves, a sociedade cabo-verdiana está "excessivamente partidarizada". E explica que "quase tudo que é feito em Cabo Verde é depois transformado em discussão político partidária".
Para o Primeiro-Ministro esse fenómeno cria um ambiente "de alguma exclusão, de alguma discriminação e de algum medo". E para José Maria Neves esse facto tem a ver com a falha dos políticos que não têm sabido exercer o seu papel pedagógico.
Muito pelo contrário, "os discursos dos partidos políticos cabo-verdianos e dos políticos cabo-verdianos, pela sua agressividade têm contribuído um pouco para aumentar a violência na sociedade cabo-verdiana", aponta. Daí que apela para a necessidade de todos fazerem a avaliação dos seus discursos, das suas atitudes, dos seus actos.
Isso, "para podermos valorizar mais a vivência democrática em Cabo Verde, combatermos a violência que existe na nossa sociedade, para termos mais tolerância, mais diálogo, mais respeito na sociedade cabo-verdiana".
No que cabe ao Governo, considera, este tem cumprido o seu papel na questão do combate à violência e à criminalidade, embora esteja consciente de que é preciso fazer mais.
Contudo, apela mais uma vez, não se pode "olhar exclusivamente para o Governo, pois essa é uma questão que interpela a toda sociedade. "Porque o Governo vai tomando medidas, mas se as outras instituições não funcionarem nunca conseguiremos debelar esta situação", frisa.
Mais uma vez, Neves exalta a importância das famílias, como peças cruciais nessa questão, já que cabe a elas a responsabilidade maior na educação e formação dos seus filhos, para que não enveredam para os caminhos tortuosos da violência e da criminalidade.
"E as famílias?", pergunta. Mas também há as outras instituições, "as igrejas, os órgãos de comunicação social, e o Governo, temos feito tudo?!", questiona José Maria Neves.
E conclui que é preciso que todos juntos se questionem e possam encontrar respostas conjuntas a essa problemática, "fazer uma reavaliação, ver o trabalho que cada um de nós tem desenvolvido, no sentido de combatermos efectivamente a violência em Cabo Verde!".
13 de Janeiro deve ser dia de reflexão e avaliação da democracia
Na mesma ocasião, José Maria Neves foi questionado sobre o significado do 13 de Janeiro, e respondeu que esse deve ser um dia de reflexão e avaliação sobre o processo democrático em Cabo Verde e que esta data deve ser comemorada por todos.
"O 13 de Janeiro não é património de nenhum partido", afirma o Primeiro-Ministro. No que concerne à democracia cabo-verdiana, Neves reconhece a necessidade de maior intensificação e que falta "cumprir a promessa de mais igualdade, bem como expandir os espaços da liberdade e combater a exclusão social em Cabo Verde".
O Chefe do Executivo considera ainda que é preciso que as escolas e os órgãos de comunicação promovam mais debates que contribuam para a interiorização dos princípios e valores das datas históricas enquanto referências para o país. Os próprios políticos devem assumir um papel mais pedagógico nesse sentido.