De acordo com as declarações de Helen Clark, a África tem registado nos tempos de crise uma recessão significativa no processo de desenvolvimento de grande parte dos países, o que implica uma forte regressão no combate à pobreza.
Somente Cabo Verde e a Etiópia têm conseguido manter os registos de progresso no combate efectivo à pobreza, sendo os "dois únicos países africanos em condições de atingir as metas estipuladas no programa "Objectivos de Desenvolvimento do Milénio" das Nações Unidas, e estabelecida numa Cimeira em 2000".
Mesmo num cenário de crise internacional e que está a afectar profundamente a África, mais do que em todo o resto do mundo, segundo a entrevistada, o arquipélago tem conseguido sustentar o seu projecto de desenvolvimento e de transformação, graças a um forte empenho e determinação do Governo de José Maria Neves.
No que concerne à pobreza, por exemplo, o país registou nos últimos sete anos uma redução do índice de pobreza em torno de 10%, graças à sua política de intervenção nesta área. Programas e medidas como o Plano Nacional de Luta Contra a Pobreza, o aumento progressivo das pensões e do número de famílias contempladas,
São várias as iniciativas deste governo com repercussões na melhoria da qualidade de vida dos cabo-verdianas, nomeadamente as autenticas revoluções levadas a cabo no âmbito da Educação e da Saúde, por exemplo. Aliás, estas são duas áreas em que o País, praticamente, já conseguiu atingir alguns dos objectivos estabelecidos pelas Nações Unidas.
Várias são as instituições financeiras e reguladoras internacionais, casos do Banco Mundial, do FMI e outras, que consideram que Cabo Verde é um dos poucos países africanos em condições de atingir os objectivos globais do Milénio até 2015.
Voltando às declarações de Clark, esta tece duras críticas ao Grupo do G8 e outros países mais ricos que têm reduzido dramaticamente as ajudas ao combate ao programa de combate à pobreza no mundo, muito por culpa da crise financeira que afecta o Globo.
"Os países africanos são os que menos contribuíram para essa crise e são os que mais sofrem com ela", denuncia. Isso porque com ela reduziram as exportações africanas e os investimentos directos estrangeiros, bem como as disponibilidades em financiar projectos de desenvolvimento no nosso continente.
De uma verba de 25 biliões de dólares norte-americanos que o G8 se comprometeu a disponibilizar ao combate à pobreza em África, até 2010, só três biliões foram até agora distribuídos, o que dificulta a obtenção dos objectivos preconizados.
A Administradora do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas é da opinião de que entre as várias formas de a África sair da dependência dos países mais ricos e conseguirem maior desenvolvimento, está o investimento e o desenvolvimento da agricultura nesses países.
Ela também defende que o G8 e os restantes países mais ricos não devem cortar os apoios ao combate à pobreza no mundo, principalmente em tempos de crise e urge os países doadores a deixarem de fazer exigências "anexadas" a essas ajudas que os países necessitados não possam corresponder.
Para ver o artigo (em inglês) na íntegra acesse o site da Reuters, página http://www.reuters.com/article/latestCrisis/idUSLJ870351.