José Maria Neves, que presidiu à cerimónia de abertura da referida Mesa Redonda, que decorre no Palácio das Comunidades na Achada de santo António, Praia, fez questão de salientar o compromisso de Cabo Verde com a paz e a estabilidade no mundo, "maxime" a nível da sub-região oeste africana, e em especial na Guiné Bissau, pelos laços históricos de amizade que unem os dois povos.
Esse esforço de liderança de apoio da comunidade internacional ao processo da tão desejada quanto necessária a reforma do Sistema de Segurança na Guiné é, conforme frisou o Chefe do Governo cabo-verdiano, um sinal de reconhecimento da "enorme dívida" para com o fundamental contributo do povo da Guiné para a independência dessas ilhas.
Assim, José Maria Neves reiterou, como já havia feito, num breve encontro entre ele e o seu homólogo guineense, ocorrido ontem, domingo, no hotel, onde o último se encontra hospedado, a confiança no povo guineense e na sabedoria do Governo de Carlos Gomes Júnior para transformar o seu país.
"A Guiné Bissau tem uma visão clara dos objectivos estratégicos da reforma dos sectores da defesa e da segurança, dos caminhos que devem ser trilhados, dos esforços internos que devem ser consentidos e dos apoios necessários dos parceiros internacionais", afirma o Chefe do Executivo cabo-verdiano.
Ao mesmo tempo, Neves apela ao apoio indispensável, dos países e organizações presentes no referido acto, à Guiné Bissau, apelo que estende a toda a comunidade internacional.
Carlos Gomes Júnior, por sua vez, agradeceu o esforço do Governo e da Diplomacia cabo-verdiana, e fez o seu apelo para que a comunidade internacional apoie os esforços do seu Governo em proceder às reformas necessárias para o estabelecimento de um país estável e de paz, um país Estado de Direito Democrático.
O colapso total da Guiné Bissau, salienta, representaria um perigo para a estabilidade em toda a região da Costa ocidental Africana e para o mundo, já que seria um terreno cada vez mais fértil para o narcotráfico e o crime organizado.
Para já, o Governo de Gomes Júnior descarta uma acção militar internacional, justificando que "os Guineenses são perfeitamente capazes de continuar a procurar soluções assentes no diálogo".
A Mesa redonda destina-se à análise e identificação dos constrangimentos à rápida implementação do programa existente da Reforma do Sector de Segurança na Guine Bissau e, visa renovar o engajamento e apoio de diversos parceiros internacionais e locais, para as soluções e medidas que vier a propor com essa finalidade.
A pertinência e urgência desta Mesa redonda têm a ver com o reconhecimento de que a reforma do sector da segurança constitui a prioridade que, como tal, condiciona a realização das demais reformas nesse país.
A realização desta Mesa Redonda foi uma decisão do Conselho de Mediação e de Segurança da CEDEAO e reforçada pelo Conselho Extraordinário dos Ministros da CPLP. Foi, igualmente, parte da decisão a solicitação feita a Cabo Verde de acolher e apoiar na organização da Mesa Redonda.
Participam dessa reunião, por parte da Delegação cabo-verdiana, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, José Brito, a Ministra da Defesa e Reforma do Estado, Cristina Fontes, o Ministro da Administração Interna Lívio Lopes, a Ministra da Justiça Marisa Morais, para além de um vasto corpo diplomático. (Confira na sessão Discursos, a intervenção do Primeiro-Ministro, José Maria Neves, na íntegra)