Depois de encontrar-se com a comunidade crioula de Vila Franca de Xira, José Maria Neves reuniu-se com mais cabo-verdianos numa escola do Ensino Básico do bairro Casal São José em Sintra, pela primeira vez, onde pôde auscultar sobre a vivência de nossas gentes em terras lusas.
Era o dia 28 de Março, dia em que o Primeiro Ministro completava 49 anos de idade e, por isso, a Associação Luso-Caboverdiana de Sintra (ACAS) não deixou passar a data em branco e tinha preparado um bolo para assinalar a data.
Foi ainda em Sintra que Neves se encontrou com vários líderes associativos das comunidades crioulas em Portugal que traçaram um perfil do trabalho e papel dessas associações em prol das nossas gentes por lá.
Entre as dificuldades estão as de integração e a situação ilegal e marginal de muitos cabo-verdianos, basta ter em conta que, entre mais de 200 mil crioulos em terras lusas, o número de recenseados não chegam aos 30 mil. Daí ser o objectivo da Federação das Associações luso-caboverdianas chegar aos 50 mil recenseados entre a grande comunidade crioula.
Uma das razões em que todos estão de acordo, é, para já, crescer a influência da Comunidade junto às autoridades e dentro da sociedade portuguesa, através da participação e representatividade política. "Só quando pudermos eleger e ter pessoas em lugares e cargos de influência; só quando os políticos dependerem dos nossos votos para se elegerem, então teremos força e melhor capacidade de integração e até para ajudar Cabo Verde", diz José Maria Neves.
Este cita o exemplo de Israel, cuja influencia da sua comunidade na agenda política dos Estados Unidos é grande, devido à sua força no campo económico e político e cita o bom exemplo dos cabo-verdianos nos Estados Unidos que, nas últimas Presidenciais, deram um contributo formidável para a eleição de Barack Obama.
O Primeiro Ministro apela à maior organização e interactividade dessas associações que considera importantes no apoio à integração e no estabelecimento de uma ligação entre eles e o Governo cabo-verdiano e o país. Aliás, são os próprios líderes associativos a reconhecerem essa deficiência no estabelecimento de uma agenda comum e na sua execução conjunta. "Falta maior articulação", admitem.
Daí que Paulo Mendes, líder da comunidade crioula nos Açores deixar a receita: Romper com a participação marginal na sociedade portuguesa e promover a participação política. Também é preciso fortalecer a Federação dessas associações para que haja maior articulação. O estabelecimento de uma agenda comum e é preciso que as associações sejam fiéis representantes dos anseios das suas comunidades.
Governo apoia comunidades
Quanto ao papel do Governo, o Primeiro-Ministro afirma a total disponibilidade em apoiar a comunidade crioula com políticas e acções, como têm feito até aqui. É o caso de projectos como a Casa do Cidadão que já possui uma agência em Portugal, para facilitar o contacto com Cabo Verde.
A partir dos balcões da Casa do Cidadão, os emigrantes podem ter acesso a todos os serviços on-line disponíveis, como a "Certidão On-line", "Empresa no dia" e tantos outros.
Dentro da Parceria Especial com a União Europeia, Cabo Verde já rubricou com Portugal, Espanha, Luxemburgo e França, um Acordo de mobilidade, que visa o estabelecimento de um quadro legal para o fluxo migratório entre cabo-verdianos e esses países.
Entre as iniciativas com Portugal, consta também um Programa de Segurança social, no trabalho e em matéria de saúde, que visa a protecção das nossas comunidades naquele país.
O Programa de incentivo sobre bens de emigração a aquando do regresso definitivo ao país, com isenção total de taxas alfandegárias é outro exemplo das facilidades que o Governo concede aos nossos emigrantes.