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PM partilha preocupações com os Presidentes das Regiões Ultraperiféricas da UE

 

José Maria Neves destacou um outro desafio global. "Há uma outra questão que tem a ver com os efeitos das alterações climáticas. Em territórios exíguos e insulares como os nossos, questões que se relacionam com as ameaças ao meio ambiente, à preservação de recursos e à sustentabilidade do desenvolvimento são desafios que creio, serem partilhados por todos".

O Primeiro Ministro mostrou-se preocupado, sobretudo com o seu impacto nas ilhas e nos pequenos estados insulares e deixou entender que em Cabo Verde as mudanças climáticas têm tido um impacto "muito negativo há muitos anos", tratando-se de uma realidade vivida com consequências dramáticas no quotidiano das pessoas. A vida do cabo-verdiano, no dizer do Chefe do Governo, é condicionada há mais de três décadas pela seca, desertificação e escassez de água. As previsões sobre a subida das águas nos oceanos que, caso se revelarem verdadeiras, o mundo e muito particularmente, nós, os ilhéus "estaremos face a um desastre de proporções inimagináveis.

A imigração ilegal e descontrolada, o tráfico de drogas, pessoas, armas e outras formas de criminalidade transnacional foram outros assuntos abordados pelo Primeiro Ministro durante a sua intervenção na conferência. José Maria Neves considerou que estes fenómenos, que são perigos comuns a alguns dos arquipélagos da Macaronésia e territórios, " requerem respostas comuns".

Cabo Verde, como parte integrante da plataforma da Macaronésia, deseja estabelecer relações privilegiadas com as Regiões Ultraperiféricas da Europa em algumas áreas. "Há um conjunto de questões que Cabo Verde gostaria de poder partilhar com as Regiões Ultraperiféricas, mas particularmente com os arquipélagos da Macaronésia, nomeadamente as inovações tecnológicas, a educação e formação de recursos humanos e investigação cientifica, a valorização e gestão sustentável do ambiente e dos recursos culturais, gestão dos mares, o desenvolvimento dos transportes marítimos no contexto de descontinuidade territorial, as políticas energéticas e o ordenamento do território".

José Maria Neves disse estar convicto de que com isso "estaríamos dando substância e sentido a uma eventual agenda comum de desenvolvimento, contribuindo para o aumento das oportunidades de investimentos, fluxos de transportes e opções turísticas".

As relações entre as RUP e Cabo Verde já têm tradição e resultados. Os esforços de melhor integração dessas regiões no contexto geográfico a que pertencem, permitiram que, no âmbito do Programa INTERREG III, 2000-2006, vários municípios de Cabo Verde tenham beneficiado de projectos em áreas como a saúde, a educação, género e desenvolvimento, meio ambiente e agricultura. "Naturalmente que almejamos poder alargar o campo dessa cooperação no âmbito da programação 2007-2013", exortou.

O Primeiro Ministro reafirmou uma vez mais que desde 2002 o seu Governo está apostado em construir uma relação de parceria especial com a União Europeia que, tendo por base matricial o acordo de Cotonou, "pretende ir além da lógica de ajuda pública ao desenvolvimento e encontrar respostas mais adequadas às questões especificas que nos dizem respeito, no âmbito do princípio de mutua utilidade".

A conferência comprometeu-se a aprofundar as relações entre as RUP e Cabo Verde como via de comunicação e de colaboração eficaz que possa igualmente reforçar as perspectivas de uma parceria especial entre Cabo Verde e a União Europeia.

O evento reuniu os Presidentes das Regiões Autónomas da Madeira, Açores, Canárias, Guadalupe, Guiana Francesa, Martinica, Reunião e Cabo Verde como convidado. A conferência contou ainda com a presença da Comissária europeia responsável pela política regional, Danuta Hubner, com quem o Chefe do Governo cabo-verdiano manteve uma reunião de trabalho.