O Chefe do Governo Cabo-verdiano defendeu a criação de um corredor de paz, desenvolvimento, segurança e estabilidade no Atlântico preconizando o aprofundamento das relações com os Açores, "para encontrar eixos de cooperação" em áreas como o turismo, ensino superior, pescas, investigação, entre outras.
Na recepção a José Maria Neves, o Presidente do Governo Regional dos Açores destacou "o alto significado da primeira visita de um Chefe do Executivo cabo-verdiano que vai permitir o estabelecimento de linhas de cooperação entre as ilhas que vivem na mesma casa: o Atlântico.
Para além dos Açores e Cabo Verde, afirmou Carlos César, a Madeira e as Canárias dão corpo a um conjunto de 28 ilhas que poderão formar um cordão de segurança que garanta a estabilidade e a democracia. O Chefe do Governo açoriano confirmou o empenhamento das autoridades regionais junto do Comité das Regiões, Assembleias das Regiões da Europa, Comissão das Regiões com poder Legislativo, no Parlamento Europeu, na Conferência das Regiões Periféricas e Marítimas para ajudar a impulsionar a parceria especial Cabo Verde/União Europeia.
Carlos Cesar aproveitou a oportunidade para realçar que a comunidade emigrante cabo-verdiana nos Açores, cerca de um milhar de pessoas (metade também com nacionalidade portuguesa), se encontra bem inserida. "São tantas as semelhanças entre os dois arquipélagos que vale a pena reforçar esta ligação e partilhar experiências no processo de desenvolvimento económico e social, para encontrar as melhores soluções", sublinhou.
Na ilha Terceira, José Maria Neves jantou com a comunidade cabo-verdiana durante o qual exortou-a a ser "bons cidadãos açorianos". Perante mais de uma centena de cabo-verdianos, o Primeiro Ministro sublinhou que "o país não tem recursos para ter embaixadores e cônsules em todos os locais onde residem cidadãos de Cabo Verde, por isso, são vocês os nossos embaixadores, em quem confiamos para garantir a imagem do nosso país através do vosso exercício de uma cidadania plena nos locais onde buscam melhores condições de vida", afiançou.
José Maria Neves apelou ao empenhamento de todos, em particular dos mais jovens "na formação porque Cabo Verde não tem recursos naturais sendo, por isso, as pessoas a sua mais fértil riqueza". Convidou os conterrâneos a revisitar Cabo Verde – "as ilhas do sol e da liberdade que estão a tornar-se em locais modernos que oferecem novas oportunidades de vida".
Como os Açores e Cabo Verde têm preocupações comuns quanto às políticas de apoio a cidadãos repatriados, foi nesse contexto que José Maria Neves assistiu a um briefing sobre a forma como os Açores estão a enfrentar o problema.
O Primeiro Ministro reconheceu iguais dificuldades e disse ter encontrado pistas para mais e melhores soluções no combate a este problema em Cabo Verde e manifestou o interesse pelo modelo açoriano de acolhimento a imigrantes, baseado na integração e na interculturalidade.
Na ilha Terceira, o Chefe do Governo cabo-verdiano recebeu, também, as chaves de Angra do Heroísmo e o diploma de cidadão honorário, tendo depois visitado o centro histórico da cidade, classificado como património mundial, e o Instituto Açoriano da Cultura.
No mesmo dia, 14 de Maio, o Primeiro Ministro viajou para a ilha de São Miguel, onde no dia seguinte, visitou a central geotérmica da Ribeira Grande, no decorrer da qual reconheceu que a energia geotérmica representa um espaço de cooperação importante entre Cabo Verde e os Açores. José Maria Neves deixou entender que pretende estender esta cooperação à energia eólica e solar.