"O grande défice que nós temos no país é o défice de capital social. Temos ainda muita pobreza, sobretudo, nos meios rurais com incidência maior na camada feminina, segmentos expressivos da juventude, também, são tocados pela pobreza. Temos, ainda taxas elevadas de desemprego com maior relevo no meio rural, atingindo as camadas menos qualificadas da população cabo-verdiana e, para além destes problemas temos a questão da atitude, do comportamento das pessoas".
Nesta linha, José Maria Neves apontou alguns exemplos que reflectem a atitude negativa das pessoas, nomeadamente perante os equipamentos sociais. "Recentemente inauguramos um liceu na Praia e seis meses depois quando visitamos esse mesmo estabelecimento de ensino encontramos vidros partidos, salas completamente sujas, paredes com desenhos, carteiras estragadas pelos alunos ou pessoas próximas da escola", confidenciou o Primeiro-ministro, para quem a mesma situação acontece quanto a equipamentos públicos, ao lixo, não descorando o grau de violência que ocorre nas escolas.
José Maria Neves apelou à construção de uma outra atitude das pessoas em relação aos equipamentos sociais, ao lixo, às autoridades, aos símbolos nacionais, à pobreza, ao desemprego e ao próprio país. "O grande desafio que nós temos é a capitalização social da sociedade cabo-verdiana", defendeu o Chefe do Governo, que considera haver uma excessiva dependência em relação ao Estado.
Falando propriamente do Fórum, o Primeiro-ministro realçou o papel das associações na melhoria da qualidade de vida das populações e no desenvolvimento global das comunidades. "Se conseguirmos melhorar o associativismo e o desempenho das associações nós teremos na linha a resolução de alguns problemas na nossa comunidade", alertou, exemplificando algumas iniciativas que têm criado uma dinâmica importante no meio rural, designadamente o programa da Luta Contra a Pobreza e os fundos de contrapartida da ajuda alimentar americana, que tem contribuído para o crescimento das associações.
O Fórum é promovido pelo Ministério do Ambiente e da Agricultura em parceria com a Câmara Municipal de Santa Catarina e visa definir estratégias de intervenção para as associações daquele concelho, por um horizonte de cinco anos, em termos organizacionais, perfis das mesmas e dos associados da nova era, bem como as áreas geradoras de rendimento.
No município de Santa Catarina estão identificadas 45 associações de base que congregam mais de 2500 famílias, com diferentes níveis de organização.
